A manifestação é “paradoxal” porque nos últimos dois anos alguns curitibanos batiam no peito ao dizer que moravam na “República de Curitiba” – a capital da Lava Jato – e dividiam os mesmos espaços com o juiz federal Sérgio Moro. A velha mídia reverberava isso com gosto, como se verdade fosse.
O diabo é que chegou o golpe e trouxe na garupa o interino Michel Temer (PMDB). Seu governo provisório está recheado de corruptos que fazem [até] alguns integrantes do governo afastado, que foram acusados de malfeitos, parecerem coroinhas prestes a entrar no reino dos céus.
Emoções e paixões à parte, Temer ensaia um governo de desnacionalização jamais visto. Sua política neoliberal planeja 14 milhões de desempregados até dezembro deste ano, ou seja, 15% da População Economicamente Ativa (PEA). Esse índice ultrapassa – e muito – aquele período tenebroso de FHC.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR), convertido em garoto-propaganda da manifestação antigolpe em todo o país, disse que a precarização do trabalho e da economia poderão fazer o Brasil viver, em breve, a violência que está vivendo a Europa.
“Entre Temeridades e Meireladas trazem para nosso Brasil a luta de classes e a violência que a Europa tem vivido. 31 diga não!”, tuitou o parlamentar, sem esquecer de dar uma sabugada em Temer e em seu ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Dois eventos públicos massivos ocorridos recentemente dão mostras de que Curitiba quer se redimir da pecha de capital mais conservadora – e atrasada do país. O primeiro diz respeito à falsa unanimidade em torno de Moro. Em março, por exemplo, ele foi hostilizado por 30 mil manifestantes que gritavam nas ruas “1, 2, 3… Moro no xadrez”. Em junho, novamente, o juiz foi escrachado ao cruzar um protesto em frente à UFPR, quando fora chamado de “tucano” e “golpista”.
Para acabar de vez com a lenda de que Curitiba é a capital de combate à corrupção, basta lembrarmos que o governo de Beto Richa (PSDB) é o mais corrupto de toda a História do Paraná. Alguns parentes e vários amigos do tucano, que militavam no erário, foram presos justamente por haver o que não lhes pertencia.
O próprio Richa responde ações criminais da STJ em virtude de propina na Receita Estadual (Operação Publicano) e desvio de recursos da Educação (Operação Quadro Negro). Aliás, Richa e sua turma do “bem” integram o time dos “coxinhas” que pediam o impeachment de Dilma Rousseff.