O paquistanês que matou a irmã, umawebcelebridade no país, alegando questões de honra não poderá receber o perdão legal da família, informaram fontes, uma decisão rara na prática dos “assassinatos por honra”.
Muhammad Waseem drogou e estrangulou Qandeel Baloch, 26, na sexta (15), um crime que chocou o Paquistão, um país fortemente conservador.
Waseem disse à imprensa local que não se arrependia do assassinato da irmã, já que ela tinha violado a honra da família com seus vídeos e fotos considerados ousados, postados em redes sociais.
Uma fonte da polícia, no entanto, disse que o governo da província de Punjab impediu que a família dê seu perdão ao filho —uma lacuna legal que faz com que muitos crimes “por honra” não sejam punidos no país.
“Foi feito sob instrução do governo. Mas isso ocorre raramente”, disse a autoridade de Punjab. Uma autoridade em Islamabad confirmou que a ordem veio do governo da província.
Mãe de Baloch ao lado do corpo da filha, durante funeral da garota, no domingo (17)
Mais de 500 pessoas, quase todas mulheres, morrem em assassinatos “por honra” no Paquistão a cada ano, geralmente pelas mãos de parentes que reclamam da vergonha provocada à família.
Não está claro se a decisão do governo de Punjab levará a alguma reforma significativa.
Um projeto que tenta barrar esses crimes por honra foi barrado no Parlamento. O primeiro-ministro do país, Nawaz Sharif, prometeu em fevereiro acelerar a aprovação do texto, mas grupos dizem que não houve avanços.
“Não há honra em matar em nome da honra”, disse Sharif sobre a morte da webcelebridade, segundo s filha do premiê, Maryam.
O pai de Baloch, Muhammad Azeem, prestou queixa contra Waseem e um outro filho pela morte da celebridade.
Baloch construiu uma carreira de modelo após a fama por sua atuação nas redes sociais, e era quem trazia dinheiro para a família. A imprensa local a descrevia como a “Kim Kardashian do Paquistão”; ela se dizia uma feminista dos dias de hoje.
Os vídeos e imagens que ela postava irritaram conservadores religiosos, que viam a garota como uma desgraça frente aos valores culturais do islã e do Paquistão. Ela recebia ameaças frequentes de morte.
Fonte: FOLHA