POLÊMICA

Mãe acredita que acusada de mandar assassinar irmão é inocente

De acordo com o delegado do caso,  Maria Celeste teria planejado de forma ardilosa todo o crime. 

A mãe de Maria Celeste Medeiros, irmã de Marcos Antônio, o Marquinhos, de 28 anos, que foi morto durante assalto a uma padaria no último dia 4 de junho, disse, em entrevista dada à TV Cabo Branco, acreditar que a filha não tem participação no crime. De acordo com o delegado Aldrovilli Grisi, no entanto, a Polícia Civil crê que Maria Celeste planejou de forma ardilosa todo o crime.

Caroline Maria disse, inclusive, que vai tentar tirar a filha da prisão (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
“Ela é uma menina amorosa e muito, muito tímida. É uma pessoa que não pode ver um cristão precisando de uma coisa pra ela não fazer. Uma pessoa com essas qualidades é capaz de uma atrocidade dessa?”, questiona a mãe tanto da vítima como de Maria Celeste, Caroline Maria Dantas de Medeiros.
Já de acordo com a ex-noiva de Marquinhos, Dihene de Freitas Silva, seu noivo tinha um amor muito grande pela família, até mesmo pela irmã. “Foi esse amor que matou ele”, diz. Segundo ela, a relação entre ele e a família era bastante complicada, porém ela acredita que em momento algum passou pela cabeça dele que isso poderia acontecer.
De acordo com o delegado Aldrovilli Grisi, a cena foi inicialmente bem montada, porque retiraram o celular da vítima, seu relógio, alguns reais que estavam no caixa e levaram a moto. A princípio, portanto, a cena foi tratada como latrocínio, mas após a análise das imagens gravadas pelo circuito de câmeras da própria padaria, ficou claro que teria sido uma execução.
Enquanto o estudante recebia as últimas homenagens por parte da família e amigos, os investigadores tentavam descobrir porque Marquinhos havia sido tão cruelmente assassinado. A principal pista veio dos amigos de Marcos e sua ex-noiva, ao relatarem a conflituosa relação que havia entre ele e a irmã.
O desentendimento teria começado após a venda de um conjunto de casas da família numa área comercial valorizada de Bayeux. O comprador pagaria R$ 450 mais um carro avaliado em cerca de R$ 70 mil e se comprometeu a custear um aluguel por um ano de um apartamento onde iriam morar Maria Celeste e sua mãe. Marquinhos, porém, não queria que os imóveis
fossem vendidos. A investigação revelou ainda que Celeste tentou vender outra casa pertencente a Marcos com uma procuração falsa.
Através da visualização de conversas no celular da irmã, Marquinhos descobriu a procuração e, também, suspeitou que sua irmã estava tramando assaltos. Ao tirar satisfações com a irmã, no entanto, teria sido o gatilho para que ela começasse a tramar a morte de Marquinhos, pois sentiu-se ameaçada.

A investigação da polícia contou com a interceptação de mensagens que mostram a negociação para matar Marquinhos. Além disso, Ricardo de Sousa Freire, de 31 anos, assumiu que atirou a pedido de Celeste, mas se disse enganado. “Ela disse que ela que estava sendo roubada. E não disse que era família, que ele era irmão, se não a gente não teria feito isso”, coloca.

Foto de arquivo da família mostra a relação entre os dois irmãos (Foto: Reprodução/TV Cabo Branco)
Nos dias após a morte, Celeste foi constantemente pressionada pelos bandidos. Mais de uma vez, esteve na delegacia para recuperar a moto do irmão que seria vendida para garantir o pagamento dos assassinos. Numa dessas vezes, acabou presa, junto com a namorada, que era caixa da padaria e que também teria participado do crime, dois homens que executaram o crime, o intermediador e o motorista que ajudou na fuga.
De acordo com o advogado de Maria Celeste, José de Moura Júnior, o principal questionamento que a defesa faz é a falta de oportunidade que foi dada à família de relatar quem é Maria Celeste, qual a personalidade e o histórico dela. “A família precisa dar essa informação para, inclusive, ter a sensação de justiça, coisa que nesse momento sente-se que não há”.
Os suspeitos continuam em prisão temporária, na Central de Polícia, que pode ser de 30 dias, prorrogada pelo mesmo período, até ser convertida em uma prisão preventiva. De acordo com o delegado Aldrovilli Grisi, as investigações continuam e serão unidas todas as provas, além de serem feitos, ainda, interrogatórios de confronto, quando serão confrontadas versões de testemunas. Não é descartada a possibilidade de mais prisões.
Ao final da entrevista, a mãe de Marquinhos mandou um recado para a sua filha: “Minha filha, você é uma luz na minha vida. Nunca se esqueça que Jesus foi seu salvador. Confia nele. Olha, o que Mainha puder fazer, pra te tirar daí, eu tô fazendo. Eu tô orando. Nós todos estamos orando. Nós todos estamos com você. Não deixamos de acreditar em você um minuto. Tenha força. Acredite. Tenha fé em Deus. Eu te amo, meu amor”.
Relembre o caso
A vítima, irmão da proprietária do estabelecimento, foi socorrida em estado grave. Segundo informações da Polícia Militar, dois homens armados entraram na padaria, renderam os funcionários e clientes, roubaram o dinheiro do caixa e a motocicleta da vítima que foi baleada e fugiram.
Um dos padeiros do estabelecimento, que se identificou apenas como Araújo, relatou que os assaltantes atiraram no homem quando ele estava deitado no chão. “O rapaz estava deitado no chão. Aí ele [o assaltante] disse ‘cadê a chave da moto?’, o rapaz deu. ‘A moto tem alarme ou não?’, o rapaz não chegou nem a responder, ele deu um tiro no chão e outro na cabeça do rapaz, na covardia”, detalhou o padeiro.
Ainda de acordo o funcionário da padaria, ele flagrou a dupla quando seguia para buscar ovos e leite para fazer bolo. Foi neste momento que os assaltantes perceberam a presença dele e também o renderam. “Também me mandaram deitar. Deitei para cima, para esconder uma faca que tava na mesa de trabalho”, explicou.

Fonte: JORNAL DA PARAÍBA