A CPI e uma testemunha chave

Nilvan Ferreira

Não se enganem. Essa CPI, estabelecida para apurar a origem dos recursos, que proporcionaram a colocação de vários outdoors, expondo as fotos dos deputados da bancada de oposição, após a polêmica votação da permuta dos terrenos da ACADEPOL e do Geisel, aqui na capital, pode tomar um caminho perigoso para setores do governo Ricardo Coutinho. E o governador sabe disso. A prova é que todo o governo e sua base na Assembléia Legislativa tenta tumultuar os trabalhos da comissão, na ansia de desmoralizar seus membros e tudo o que for resultado final das apurações.

Pelo que acompanhei na tarde desta segunda-feira, acredito que já começou uma das maiores dores de cabeça do atual governo, que, além de enfrentar um péssimo momento, perante a opinião pública, agora pode ser pego “com a mão na butija”, se existir alguma ligação entre o governo e os fartos recursos utilizados para financiar a campanha contra os deputados, além da estrutura de panfletos e locação de ônibus para pressionar o parlamento a aprovar a tão famosa permuta entre dois terrenos, que até um Conselheiro do TCE apontou como sendo pertencentes ao estado da Paraíba.

E parece que esse é apenas o fio da meada. Um amigo em comum me apresentou uma “figura” que pode colocar mais lenha na fogueira dessa confusão e causar um grande pesadelo na estrutura da imagem do governo e de pelo menos dois dos seus principais secretários. É nitroglicerina pura o que esse cidadão pode ter testemunhado e que garante estar pronto para dizer aos membros da CPI.

A figura me disse na manhã desta segunda-feira que sabe de detalhes do financiamento de toda a estrutura para funcionar o movimento em defesa da permuta dos terrenos e garante que sabe de onde o dinheiro partia, de onde era originado. Ele, a figura, jura que sabe nome de gráfica que confeccionou panfletos, além de quem seria ou qual o órgão que assumia a conta sempre que algo era comprado para o movimento.

Tudo foi muito bem montado, mas esqueceram de contar com um detalhe: tinha gente demais por dentro dos detalhes desta questão. Não estou querendo dizer quem pagou panfletos, os outdoors ou quem financiou a contratação de ônibus para o transportes de moradores de Mangabeira, para acompanhar a votação do projeto na AL, uma vez que a própria figura pode prestar depoimento na CPI e dizer tudo que diz saber.

Ainda bem que a CPI tem a prerrogativa de ouvir qualquer depoente, preservando a sua identidade e tomando seu depoimento em lugar fechado, longe da imprensa. Que seja feito o necessário para que a sociedade possa esclarecer essa capítulo duvidoso da nossa política atual. Os paraibanos agradecem na hora que a verdade surgir e todos os pingos estiverem nos “is”.