Dinheiro da Copa

Cabral recebeu propina em obras da Copa, diz delator da Odebrecht

Benedicto Barbosa da Silva Júnior é o executivo responsável por detalhar o que chama de "contribuição" a Cabral

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A empreiteira Odebrecht está tratando um acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. De acordo com a Folha de S. Paulo, correm rumores de que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina em obras como o metrô e a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014.

A reportagem explica que Benedicto Barbosa da Silva Júnior é o executivo responsável por detalhar o que chama de “contribuição” a Cabral. Ele é ex-diretor-presidente da construtora e foi preso em fevereiro por suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Silva Júnior é funcionário há mais de 30 anos da Odebrecht e esteve envolvido em mensagens recuperadas do celular do ex-presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, preso há mais de um ano. De acordo com as investigações, era o ex-executivo que fazia os contatos políticos em nome da empreiteira.

Além destas revelações, a publicação cita que Silva Júnior deve relacionar corrupção em outras obras, além do metrô do Rio e do Maracanã, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e envolver o nome de Cabral.

O ex-executivo da Odebrecht também pode contar que o ex-governador tinha como regra cobrar da empreiteira o pagamento de 5% do valor total dos contratos das obras.

O nome de Cabral já havia sido citado em planilhas da Odebrecht apreendidas pela Polícia Federal, em março, na casa do próprio Silva Júnior.

ANDRADE GUTIERREZ

Os relatos da Odebrecht sobre a reforma do Maracanã coincidem com os de dois ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez.

A Folha recorda que Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo afirmaram aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que Cabral exigiu 5% do valor total do contrato para permitir que a empresa se associasse à Odebrecht e à Delta no consórcio para a reforma do estádio.

OUTRO LADO

A assessoria do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) divulgou uma nota e argumenta que Cabral manteve “relações institucionais” com a Odebrecht e que manifesta “indignação e repúdio ao envolvimento de seu nome com qualquer ilicitude”.

Cabral também afirmou que conhece Benedicto Barbosa da Silva Júnior, com quem se relacionou apenas de forma “institucional”, mas que “jamais fez a ele qualquer pedido de contribuição ilegal”.

O ex-governador do Rio ressalta que “nunca interferiu” em processos licitatórios “de quaisquer obras de seu governo”.

Cabral argumenta ainda que sua gestão foi pautada “pela autonomia dos secretários nas suas respectivas pastas, assim como nos órgãos, autarquias, empresas e institutos subordinados às secretarias”.
Créditos: Folha de S. Paulo