SESSÃO PÚBLICA

CPI da Telefonia ouve presidente da Claro sobre atuação da empresa no Estado

Menos de 2% das multas aplicadas pela Anatel são pagas pelas operadoras

CPI telefonia audienciaA Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga danos ao consumidor causados pelas empresas de Telefonia Móvel, Fixa, Internet banda larga e TV por assinatura realizou sessão pública nesta segunda-feira (20) para ouvir o presidente da Claro, José Antonio Guaraldi Félix. Durante a Sessão na Assemblei Legislativa da Paraíba, o representante da companhoa falou sobre a atuação da empresa no Estado e os indícios de irregularidades encontrados pelas investigações.

A sessão ocorreu no plenário José Mariz e contou com a presença do presidente da Comissão, deputado João Gonçalves; a vice-presidente Camila Toscano; o relator Bosco Carneiro; e os deputados Zé Paulo de Santa Rita, Renato Gadelha, Ricardo Barbosa e Inácio Falcão.

De acordo com José Antônio Félix, sua participação na CPI foi para relatar a atuação da empresa na Paraíba e tentar responder aos questionamentos dos parlamentares. Acompanhado de cinco funcionários da Claro, entre diretores e advogados, o presidente da empresa garantiu que o setor é extremamente regulado e fiscalizado. “Nada é empurrado para o consumidor pagar. Eventualmente o consumidor é mal informado e acabar aceitando novos serviços que ele não quer”, ponderou.

José Félix também ressaltou que a empresa tem vários dispositivos para comprovar que atendem às obrigações da Anatel e não podem fazer nada que esteja fora da regra. “Qualquer tarifa cobrada indevidamente é devolvida porque não somos nós que fazemos as regras. Toda vez que detectamos um eventual erro somos obrigados a devolver o dinheiro em dobro”, pontuou.

O presidente da Claro também salienta que o serviço de call center é um problema do Brasil de forma geral, pois o serviço tem uma imagem negativa e muitas vezes o primeiro emprego dos brasileiros. “Temos um call center com seis mil pessoas, que são treinadas para minimizar qualquer insatisfação do consumidor”, disse. Atualmente a Claro S/A é detentora da Claro, Embratel e NET.

José Félix também falou sobre dificuldades da empresa, como a falta de de infraestrutura para a instalação de antenas, assim como leis estaduais restringindo a instalação de equipamentos. Ainda assim, declarou que a empresa investiu R$ 74 milhões no Estado no ano passado e que esses investimentos são para expansão dos serviços e que os investimentos em 2014 foram de R$ 43 milhões e 2013 R$ 37 milhões.

O presidente João Gonçalves rebateu o presidente da Claro e ressaltou que todas as irregularidades relatadas e questionadas na sessão são frutos das investigações que a Comissão tem feito desde sua instalação. “Eu estou mais preocupado porque não vemos que a empresa busque alternativas e investimentos para melhorar o serviço de telefonia na Paraíba”, destacou.

Segundo o deputado Bosco Carneiro, diferente do que foi alegado por José Felix, a má prestação dos serviços é unânime com todos os usuários e o relatório da CPI da Telefonia Móvel apontou 19 irregularidades, desde danos morais até a morte de usuários na Paraíba. “Também encontramos durante as investigações a falta, queda ou interrupção de sinal, cobranças indevidas, call center que não resolvem os problemas e indícios de sonegação fiscal. Além disso, a Anatel não fiscaliza, é omissa, conivente, ineficaz e contraria dispositivos do Código de Defesa do Consumidor (CDC)”, atestou.

Bosco revelou ainda que menos de 2% das multas aplicadas pela Anatel são pagas pelas operadoras e mostrou que dados da empresa divulgados em sessões anteriores dão conta de que a Claro investiu de R$ 8 bilhões no Brasil em 2015 e R$ 10 bilhões em 2014. Na Paraíba, foram investidos R$ 16 milhões, quando proporcionalmente era pra ter sido investido R$ 142 milhões. A Claro atua em 78 cidades do Estado e tem atualmente 1,280 milhão de usuários na Paraíba e 71 milhões de clientes no país.

A 53ª Sessão Pública da CPI da Telefonia também contou com a presença do diretor-geral do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério Público da Paraíba (MP-Procon), Glauberto Bezerra, assim como representantes da sociedade civil organizada e o procurador da Assembleia, Adalberto Falcão.

Fonte: ALPB