HÁ VAGAS

Após debandada, seis ministérios estão sem titulares

'Ministros' que votaram contra o governo não serão nomeados novamente

DILMA ARTIGOEmbora a presidente Dilma Rousseff tenha deixado claro que só fará mudanças no Ministério se enterrar o impeachment no Senado, houve uma dança das cadeiras na segunda-feira, após a votação da Câmara. O ministro peemedebista Mauro Lopes (Aviação Civil) foi demitido em rede nacional por Dilma, em entrevista coletiva, e os também peemedebistas Hélder Barbalho (Portos) e Eduardo Braga (Minas e Energia) pediram demissão, mas ela não aceitou. Já Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), ambos do PMDB, se reuniram na segunda-feira com Dilma e lhe pediram para voltar a seus cargos.

Castro e Pandera foram exonerados para votar contra o impeachment e cumpriram o trato. Eles retornam oficialmente ao governo nesta terça-feira, assim como petista Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), que também é deputado e se demitiu do ministério para votar contra o impeachment.

EDUARDO BRAGA FICA EM MINAS E ENERGIA

Gilberto Kassab (Cidades), que traiu Dilma ordenando o desembarque do PSD do governo, rendendo 29 votos pelo impeachment, terá sua demissão publicada na edição desta terça do Diário Oficial da União. O governo tem seis ministérios sem comando definitivo (Casa Civil, Turismo, Esportes, Integração Nacional, Aviação Civil e Cidades), todos ocupados interinamente pelos secretários-executivos.

Na segunda-feira, Dilma discutiu a estratégia de busca de votos no Senado com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), sua amiga. Kátia, senadora licenciada, só entregou a Dilma um voto na Câmara, o do próprio filho, Irajá Abreu (PSD-TO). Na conversa com Braga, Dilma pediu que ele leve em conta que a pasta que ocupa (Minas e Energia) é estratégica. Ele se sensibilizou e deverá aguardar os desdobramentos do processo de impeachment.

— Temos uma situação que não é fácil no setor elétrico. Não tomarei nenhuma medida sem cautela, sem responsabilidade. Tenho que fazer minha parte para que o país não pare — disse Braga.

Na entrevista de segunda-feira, em que se manifestou sobre a decisão da Câmara relativa ao impeachment, Dilma disse confiar que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá a favor do ex-presidente Lula, na sessão de amanhã, para que ele possa assumir a Casa Civil. Segundo Dilma, este não é o momento de uma reforma ministerial — indicando que só o fará se o processo de impeachment for derrotado no Senado. A partir daí, disse, será “um novo governo”.

— Podemos vir a repactuar o governo, mas agora não se trata de modificar ministérios nem de tomar medidas em termo de pacto — declarou Dilma.

Sobre Mauro Lopes, foi categórica:

— Ele votou pelo impeachment e, portanto, não é mais ministro do meu governo.

O Ministério do Turismo tem à frente o interino Alberto Alves, desde que Henrique Eduardo Alves se demitiu em 28 de março. George Hilton foi exonerado em 30 de março, após PRB sair do governo. Na Integração, Giberto Occhi (PP) saiu quarta-feira passada. A Casa Civil está nas mãos da secretária-executiva Eva Chiavon desde 17 março, quando foi suspensa a posse de Lula. E a pasta das Cidades passará para o secretário-executivo, Elton Santa Fé Zacarias.

MINISTROS QUE SAÍRAM OU NEM ASSUMIRAM

Casa Civil: A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo foi anulada por liminar do Supremo Tribunal Federal. O caso deve ser examinado amanhã na Corte. O ministro está sendo tocado pela secretaria-executiva.

Cidades: Gilberto Kassab deixou o ministério e acabou ajudando a angariar votos de seu partido, o PSD, para aprovar o o processo de impeachment. Sua demissão sai hoje no Diário Oficial da União.

Aviação Civil: O deputado Mauro Lopes do PMDB pediu demissão na última quinta-feira, três dias antes da votação do impeachment e votou contra Dilma. A presidente anunciou sua demissão em rede nacional na segunda-feira.

Integração Nacional: Giberto Occhi (PP) saiu do governo na última quarta-feira passada, deixando o comando do ministério para Josélio de Andrade Moura, secretário-executivo da pasta.

Fonte: O Globo