A viagem de Cássio

Rubens Nóbrega

Cássio Cunha Lima sabe que mais cedo ou mais tarde terá que descer do Coletivo RC. Mas somente vai fazê-lo quando finalmente se convencer de que o condutor do bonde vem queimando paradas deliberadamente, deixando de pegar um bom número de passageiros cassistas pelo caminho.

No momento em que chegar a esse ponto, inevitavelmente Cássio avaliará a possibilidade de pegar um circular que o leve de volta a Cícero Lucena, passando por um terminal de integração que o coloque no mesmo trajeto de Veneziano Vital. Aí, os dois – ou os três – poderão seguir juntos na mesma direção, no rumo do mesmo destino.

Esse roteiro começou a ser montado há pouco e deve se consolidar ou não nos próximos seis meses, faltando apenas seis paradas para uma estação chamada Eleições 2012, ponto final de uma viagem que não terá sobressaltos ou solavancos se os dois ou os três resolverem pegar a mesma estrada.

Mas é provável também que Cássio prefira seguir no Coletivo RC, mesmo temendo que o bicho se desgoverne de vez e acabe provocando tragédia de gravíssimas proporções mais adiante. O medo maior é das conseqüências do desastre daqui a três anos. Elas poderão causar perdas irreparáveis para todos, do motorista ao cobrador.

Por enquanto, o que se sabe é que Cássio não admite, pelo menos publicamente, fazer qualquer baldeação. Até por achar que seria muito cedo ou precipitado um desembarque já em 2012. A não ser… A não ser que ainda em 2011 consiga marcar uma passagem de primeira classe para Brasília. Aí…
‘Ranking dos Malditos’

Graças ao voto com que desempatou em favor da legalidade e da moralidade a votação da MP da Cruz na Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia, anteontem, o deputado Janduhy Carneiro (PPS) não apenas entrou na galeria de honra dos ‘inimigos’ do rei como passou a liderar com folga o ‘Ranking dos Malditos’ da Nova Paraíba.

O primeiro sinal de mudança no topo do ranking, até então ocupado pelo procurador Eduardo Varandas, veio dos furibundos ataques governistas ao parlamentar, perpetrados desde anteontem à tarde e retomados por todo o dia de ontem pela tropa de choque da comunicação ricardista.

Tudo porque o Doutor Janduhy cometeu dois crimes de lesa Majestade. Primeiro, contrariou profundamente o soberano ao tomar no voto a presidência da CCJ do hiper governista Adriano Galdino. Depois, na última terça, JC aprontou mais uma. Entre a Cruz e a lei, como ele mesmo disse, preferiu ficar com a lei.

O legalismo carneirista pode ajudar a oposição a melar um negócio que rende R$ 7,3 milhões mensais a um grupo da Baixada Fluminense contratado pelo Ricardo I para tomar conta do Trauma da Capital, hospital que até a entronização do monarca não custava mais do que R$ 4,5 milhões por mês aos cofres públicos.

Se os contra melarem o contrato milionário, não tenham dúvida: contratante e contratados terão três milhões de motivos para odiar de paixão o deputado Janduhy.
Botando pra quebrar
Do deputado Anísio Maia (PT): “Com o socialismo Girassol, este processo de privatização ganhou mais um agravante: ao contratar empresas envolvidas em falcatruas para gerenciar serviços vitais, o processo virou uma verdadeira privataria”.

Cirurgia desnecessária

O meu preclaro e habitualmente circunspecto Professor Menezes surpreendeu-me ontem com uma missiva eletrônica que compartilho com os leitores para fechar a coluna de hoje com um toque de bom humor. Acompanhem, após os astericos.
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Caro Rubens, rezemos para que não aconteça com algum integrante da Caravana Rolidei de nosso imperador Ricardo I a Cuba o ocorrido com integrante de outra caravana assemelhada, que também visitou a Ilha, algum tempo atrás.

Entusiasmado com o rum, a salsa e a rumba, o ilustre visitante encerrou a viagem nos “finalmente” com uma bela morena cubana com quem bailara a noite inteira e, feliz, embarcou de volta aos seus pagos brasilienses no outro dia.

Decorrida uma semana, na tranquilidade do lar o nosso dedicado homem público verificou que o seu bilau amanhecera com uma crosta semelhante ao azinhavre.

Preocupado, recorreu a um médico amigo, cioso do segredo que essa ocorrência merecia, e dele recebeu o diagnóstico fatídico: “Tem de cortar!”.

Entre o pânico e a depressão, ao sair do consultório o nosso amigo teve um estalo: se a doença foi contraída em Cuba, por lá os conceituados médicos cubanos deveriam saber tratá-la corretamente.

Não titubeou. Mandou-se volta à ilha e lá, com ajuda da Embaixada brasileira, foi levado ao médico de Fidel, que fumando um puro olhou a peça e decretou: “No es necesario cirurgia”. Sob gritos e aplausos do doente e dos ilustres diplomatas que o acompanhavam, o médico completou: “Se queda por si mismo!”.