Em sua coluna publicada na última quarta-feira (30/3), o jornalista Nicholas Lemann, da revista semanal americana The New Yorker, comparou a presidente Dilma Rousseff ao ex-presidente dos EUA, Richard Nixon.
Reeleito ao cargo em 1972, Nixon renunciou, menos de dois anos depois, após um processo de impeachment contra ele pelo escândalo do Watergate — nome do prédio onde ficava a sede do Comitê Nacional Democrata —, que foi grampeado.
“Richard Nixon foi reeleito de maneira esmagadora em novembro de 1972 e renunciou em agosto de 1974. Dilma Rousseff, presidente do Brasil, parece estar seguindo o mesmo caminho: reeleita (não de maneira esmagadora) em outubro de 2014, ela corre tanto perigo um ano e meio depois que não parece que vai conseguir finalizar seu mandato”, diz o colunista.
Lemann diz ainda que escândalos de corrupção são constantes na política brasileira. “A cada dia mais notícias de mais autoridades envolvidas na investigação, mais delações premiadas, mais esquemas de corrupção”.
Para ele, quem perde com a instabilidade são as populações menos favorecidas economicamente. “Os verdadeiros perdedores na reformulação política que deve acontecer no Brasil não serão os políticos corruptos. As dezenas de milhões de beneficiários dos programas sociais criados nos governos de Lula e Dilma”, destaca, ao acrescentar que o fim deles seria “trágico”.
Relembre o escândalo de Watergate
O caso teve início com a prisão de cinco homens, que foram flagrados instalando equipamentos de espionagem e fotografando documentos na sede democrata. A prisão ocorreu durante a campanha eleitoral.
Os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post, passaram a investigar o caso e notaram ligações entre o Watergate e a Casa Branca. Os dois descobriram o nome de um dos homens presos na folha de pagamento do comitê que trabalhava na eleição do presidente e que outro detido recebeu um depósito de US$ 25 mil. Em uma série de reportagens, os repórteres revelaram que Nixon utilizou dinheiro não declarado para espionar os adversários e obter vantagens para a sua campanha.
À época, um informante dos jornalistas ficou conhecido como Garganta Profunda. Ele revelou que Nixon sabia da tentativa de espionagem. A identidade dele apenas foi conhecida em 2005, quando William Mark Felt, então vice-presidente do FBI, falou sobre a ajuda aos repórteres.
Em 1974, as diversas provas contra o partido republicano fizeram Richard Nixon renunciar. O substituto, o vice Gerald Ford, assinou a anistia do ex-presidente e assegurou que ele não precisaria assumir responsabilidades legais sobre o caso.
Fonte: Portal Imprensa
Créditos: Portal Imprensa