EM PALESTRA

Bolsonaro não gosta de pergunta de estudante e manda jovem 'calar a boca'

Tema da palestra foi ‘A resistência democrática contra a implantação do comunismo no Brasil’

bolsonaro palestraTentando participar do debate e receber alguma explicação do polêmico deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), o estudante de 18 anos, Lucas Gonçalves Rangel, foi alvo de xingamentos e agressão física. A situação ocorreu ao final da Audiência Pública realizada no Clube dos Oficiais, na manhã desta sexta-feira (1º), em Vitória.

No local, o parlamentar fazia uma “palestra”, com o tema ‘A resistência democrática contra a implantação do comunismo no Brasil’. Depois de discursar por quase uma hora, a organização do evento abriu espaço para perguntas. Em meio a tantos seguidores de Bolsonaro, o adolescente questionou ao deputado federal sobre o que ele achava da falta de negros na plateia, já que mais de 50% da população brasileira se declara negra, e complementou a pergunta sobre a forte presença da entidade (Polícia Militar) que já cometeu diversas chacinas no país.
Bolsonaro que é militar – reservista do Exército – respondeu a primeira pergunta com um simples, “não há placas lá fora dizendo que é proibida a entrada de negros aqui”. Mas ao falar sobre as chacinas, o deputado tentou reverter a pergunta e explicar o porquê que as chacinas aconteceram. E, aos berros no microfone, disse: “cala a sua boca”, apontando o dedo para o rosto do jovem.

Com isso, a plateia se mobilizou e começou a desferir xingamentos contra o estudante de 18 anos. Enquanto era hostilizado, dois militaresnão fardados tentaram retirar o menino a força. Lucas conseguiu sair com a ajuda da imprensa. A ESHOJE o estudante afirmou que queria apenas abrir o debate para as questões deixadas de lado durante o evento.

“Mais de 50% da população brasileira se identifica como sendo negra e a maioria dos negros ainda são pobres e sofrem preconceito. Para mim, isso não foi um debate e sim, um comício. Pensei que haveria debate de ideias e seria até produtivo, mas foi uma propaganda política para 2018. Achei que iria receber vaias e não isso que aconteceu, olha as marcas no meu braço. Só provou o quanto as pessoas ali são desequilibradas”, declarou o jovem.

Após a confusão, o evento foi finalizado e os participantes se aglomeraram em volta de Bolsonaro, afim de conseguir tirar uma foto com político.

A “palestra”
Ao ser chamado para compor a mesa de debate, Jair Bolsonaro (PSC) recebeu a intitulação de pré-candidato à Presidência da República. Ovacionado pelos mais de 500 participantes do evento, o deputado federal discursou sobre alguns pontos da atual política e Governo.

Totalmente contrário ao atual Governo Federal, Bolsonaro deixou claro que votará à favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que deve ser pleiteado no dia 15 de abril na Câmara, em Brasília.

O seu discurso sempre acompanhado de sarcasmo e piadas, a todo momento era interrompido pelos aplausos do público participante. Durante a “palestra”, Bolsonaro falou da Comissão de Direitos Humanos, que na verdade se trata de “um antro de vagabundagem”, apontou o Partido dos Trabalhadores (PT) como responsável pela implantação do comunismo no Brasil e mantenedor da corrupção no país.

Além disso, o deputado federal destacou que muitas das vezes é mal interpretado pelas pessoas e pela impressa, pois ele não é xenofóbico, homofóbico, sexicista, preconceituoso e nem racista. Simplesmente, segue a lei e suas ideologias.

“Falar que tem nojo de mim, isso sim é preconceito. O Jean Wyllys (PSOL) me discriminou, quando se levantou e saiu do meu lado no episódio do avião. Fiquei sem dormir uma semana”, contou rindo. “Eu não quero é kit gay nas escolas, que os livros didáticos fiquem estimulando as crianças se sentir atraídos pelo mesmo sexo”, declarou.

Novamente citou a mentira criada contra o Exército, que durante o período da ditadura militar (1964-1985), torturava os contrários ao regime estabelecido na época. “Sabemos a verdade desse período, o Exército nunca foi intruso, foi somente o instrumento da vontade pública”. E continuou, “segurança pública não começa com a polícia, começa comigo armado dentro de casa”, defendendo a lei armamentista.

Fonte: Eshoje.jor.br