Cerca de quatro mil laptops, enviados pelo governo federal, através do programa Um Computador por Aluno (Uca), estão sem uso, armazenados em depósitos de escolas municipais e estaduais da Paraíba. O objetivo do programa é promover a inclusão digital de crianças e adolescentes utilizando a tecnologia na sala de aula. Isso é o que está no papel. Na prática, a realidade é outra.
Na Paraíba, 12 escolas foram contempladas pelo programa que tem o objetivo de – como o próprio nome diz – fornecer um computador por aluno. Pelo levantamento feito pelo JORNAL DA PARAÍBA, o programa está paralisado, apesar de ter iniciado em algumas escolas do interior. Iniciaram, mas logo foram interrompidos por problemas técnicos, como em Brejo do Cruz. História que será contada mais adiante. Para começar, a situação em destaque é a da capital.
Em João Pessoa, duas escolas foram beneficiadas. Uma foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental Desembargador Boto de Menezes, no Jardim Treze de Maio, na capital. De acordo com o diretor Robson Tavares, os laptops chegaram em julho de 2010, porém, dois meses depois, a escola foi arrombada e parte dos equipamentos levada por bandidos. “Por questões de segurança devolvemos o restante à Secretaria de Educação”, revela.
E foi exatamente aí que o problema começou. Os laptops foram devolvidos porque a escola não tinha estrutura e até agora os alunos continuam fora do programa. No ano passado, foram recebidos 350 computadores. Segundo ele, os estudantes sabem da existência do programa e cobram o retorno das máquinas.
“Temos uma cobrança constante por parte dos alunos, que são os mais interessados”, conta o diretor. Tavares diz que recebeu do Estado a justificativa de que precisaria abrir um processo licitatório para comprar armários e fazer a instalação elétrica. Diante disso, a escola voltou à estaca zero. Não há previsão de regularizar a situação.
Em Campina Grande, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora do Rosário, a situação é semelhante. Quem diz isso é a diretora Evelane Pinto. Segundo ela, “o programa anda a passos de tartaruga”. A inércia incomoda. “Até a formação dos educadores parou”, revela Evelane, afirmando que faltam os armários para guardar os computadores.
Segundo a diretora, em julho de 2010, o governo federal enviou 800 computadores novos que nunca foram utilizados. “Os pais precisam cobrar também, pois nós da direção fazemos quase que diariamente, mas não adianta”, destaca.