O cenário político para as pré-candidaturas em João Pessoa - Por Laerte Cerqueira

Pré-candidatos estão empolgados com futura campanha e amarram alianças

URNA ELETRÔNICADe vez em quando é preciso juntar tudo num só balaio para não deixar as reflexões e análises se perderem. Dá pra fazer isso num resumo do cenário. O deste momento, em João Pessoa, já possui uns traços. Primeiro, temos um candidato à reeleição favorito, o prefeito Luciano Cartaxo (PSD). Não tem uma avaliação acima de 70%, como aconteceu no primeiro mandato do ex-prefeito Ricardo Coutinho, quando foi candidato à reeleição, em 2008. Mas Cartaxo tem uma boa avaliação, passa dos 40%, que garante favoritismo, mas não vitória. A gestão municipal é mediana porque Cartaxo não conseguiu concluir os maiores projetos, anunciados com pompa, aqueles que dão visibilidade (pelo tamanho) e benefícios. O fato é que, estrategicamente, ele conseguiu colocar em prática ações que, se não dão muita visibilidade, garantem centenas de beneficiados. A gestão tropeçou nos dois primeiros anos, mas inicia o ano eleitoral como muita coisa para mostrar. Muito menos do que a expectativa projetou. Mas o cenário é bom.

Seria fácil, se a oposição não tivesse atenta às falhas, escorregões e atropelos da gestão, que devem vir à tona com mais evidência nos próximos meses. Aliás, a oposição é grande e está sedenta. O deputado federal Manoel Júnior (PMDB) saiu na frente. Com teimosia necessária mostrou ao senador José Maranhão que era viável e necessário. Maranhão, que devia esse apoio, deu corda. Se foi apenas para valorizar o passe, foi além. Convenceu-se que com uma boa aliança, pode levar o partido para o segundo turno.

A esperança nasceu, dizem os interlocutores, porque o experiente político não acredita que o principal adversário, nesse primeiro momento, o socialista João Azevedo vai emplacar, mesmo com um padrinho muito forte, o governador Ricardo Coutinho.

Maranhão se convenceu que se João não crescer rápido, Manoel pode avançar e trazer a esperança de disputar o segundo turno. Manoel, sem compromisso com socialistas, atira para os dois lados. Foca na gestão Cartaxo e usa suas balas para atingir diretamente João Azevedo, alegando que ele é um fantoche do governador e que não tem capacidade de governar.
João Azevedo tem um ótimo padrinho. Conhece bem a cidade, as obras e tem a fama de secretário eficiente. Mas daí emplacar nas urnas são “outros quinhentos”. Os socialistas sabem disso e montam estratégias, estão ouvindo, aconselhando para sanar fragilidades e potencializar qualidades. Sem dúvida, é o candidato que, apesar de ainda ser pouco conhecido da maioria da população, tem maior potencial de crescimento. Não tem rejeição e será enquadrado na teoria ricardista de: é puro porque não é (era) político. A gente sabe que o povo gosta e que a fórmula de condenar os “políticos que não foram germinados no campo girassol” pega, e pega muito. Sem falar da máquina estatal, da militância apaixonada.

Outro que afirmou que tem uma candidatura irreversível e apareceu com frequência na imprensa nos últimos dias foi o deputado federal Wilson Filho (PDT). Luta para ser conhecido em JP, onde teve menos votos do que Raoni Mendes, que disputava a indicação da legenda. WF quer aproveitar o momento para ampliar seu eleitorado. Para isso, municia-se para fazer críticas à gestão de JP. Mas precisa ir além. Sabe que seus alvos principais são João Azevedo e Manoel Júnior. Atirar em JA parece não ser o problema. Mas a impressão é que Wilson poupará Manoel Júnior, colega de Casa. A preço de hoje, tem pequenas chances de ir para o segundo turno. Mas fará barulho.

Para finalizar essa rodada, vale lembrar Charliton Machado, do PT. Por uma questão de honra vai tentar levar a candidatura à frente. É uma forma de defender o PT, seu legado, suas ações. Uma forma de não se acocorar diante do PSB, logo na primeira investida. De qualquer forma, será mais uma frente de ataque contra Cartaxo. Bom para João Azevedo. Talvez por isso RC só irá se preocupar com os petistas quando estiver mais perto, quando o cenário estiver menos nebuloso. Aliás, nebulosidade é a palavra. Não dá para apostar nada e avaliação de hoje não vale para amanhã. Então, amanhã a gente conversa mais.

Ciumeira

Sem muito a perder, estratégia e inteligência, o senador José Maranhão (PMDB) joga como ninguém. Um mestre. Ontem, já circulou notícia de que conversou com o prefeito de JP, Luciano Cartaxo (PSD). Não foi sobre política, alianças (dizem), mas é bom para causar ciumeira. O pré-candidato Manoel Júnior (PMDB), desconfiado de tudo, deve ter ficado de orelha em pé.

MP 242
Mesmo o governo querendo evitar o debate sobre o assunto, o deputado Ricardo Barbosa (PSB) propôs discussão sobre a MP 242, que suspende o reajuste dos servidores estaduais.

Críticas
Tentando fazer média com eleitorado, governistas aprovaram por unanimidade a proposta, que serve para das explicações, mas também para ser alvo de muitas críticas. Hoje já tem protesto dos servidores.

Nada muda
Barbosa justificou a proposta afirmando que, antes da MP ir ao plenário para votação, é necessário ouvir as categorias sobre o assunto. O pior, nada vai mudar. Será apenas mise an scène.

Mineiro
O deputado licenciado Genival Matias (PTdoB) é uma espécie de articulador político da campanha de João Azevedo. Com estilo mineirinho, fará dobradinha com Waldson de Sousa, coordenador.

Fonte: Jornal da Paraíba