Os sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas decidiram paralisar as atividades amanhã, em diversos aeroportos do país. Os aeroviários — que representam os funcionários que trabalham, por exemplo, no check in e no despacho de bagagens — vão cruzar os braços em seis terminais. O sindicato que representa esse grupo de trabalhadores não revelou quais serão afetados, mas adiantou que o protesto atingirá Rio e São Paulo.
Já os aeronautas — categoria que inclui pilotos e comissários de bordo — vão parar em 12 aeroportos: Santos Dumont e Galeão, no Rio, Guarulhos e Congonhas, em São Paulo, além de terminais em Campinas, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza.
Os trabalhadores pedem reajuste de 11%. As companhias aéreas, porém, propõem um aumento dividido em duas vezes: 5,5% em fevereiro e 5,5% em junho. A data-base das categorias é 1º de dezembro.
Luiz da Rocha Cardoso, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA), destaca que os dois sindicatos entregaram a pauta de reivindicações em setembro, três meses antes da data-base dos trabalhadores, para que desse tempo de as empresas analisarem os pedidos e fazerem contrapropostas.
— Não estamos pedindo nada absurdo. Pedíamos 15%, baixamos para 12%, e agora para 11%. As empresas querem pagar 5,5% e depois 5,5% e sem o retroativo (a 1º de dezembro) — disse Luiz, acrescentando que a expectativa é que 70% dos funcionários participem da paralisação.
Segundo o comandante Rodrigo Stader, secretário geral do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), nas cinco primeiras reuniões de negociação as companhias aéreas insistiram em não dar aumento algum:
— Só na sexta reunião, na primeira quinzena de janeiro, eles saíram desse 0% (de aumento). Ofereceram um reajuste escalonado, de 3% em fevereiro, 2% em junho e 6% em novembro. Ou seja, faria reposição da inflação depois de um ano da nossa data-base. Os nossos economistas fizeram os cálculos e a perda salarial, nesse período, seria de um salário. Então, a proposta foi inaceitável. Estamos pedindo apenas a reposição da inflação, não aumento salarial.
Nos 12 aeroportos citados, os pilotos e comissários de bordo vão cruzar os braços das 6h às 20h.
— Mas as empresas ainda têm chance de evitar o movimento se oferecerem o que estamos pedindo até as 18h de hoje. se isso acontecer, o movimento pode ser cancelado — afirmou o comandante Stader, acrescentando que haverá uma assembleia ao final do dia, após a paralisação, para avaliar se a greve continua ou não.
Procurada, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que propôs que este ano os trabalhadores ficassem sem reajuste, mas com manutenção de postos de trabalho. Segundo a entidade, na última reunião foi proposto o reajuste de 11% pago parceladamente, em duas vezes: fevereiro e junho.
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) atribuiu o impasse à crise econômica e afirmou que, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 2011 a 2014 a aviação comercial acumula R$ 9,4 bilhões de prejuízo líquido. Além disso, a SNEA disse que “de janeiro a setembro de 2015, um dos piores anos da história da aviação comercial brasileira, as companhias aéreas acumularam prejuízo líquido de R$ 3,7 bilhões”. A entidade afirmou também que está tomando todas as medidas para preservar a viagem dos passageiros durante o carnaval.
Fonte: G1