PÁSCOA ECONÔMICA: Miniovos por R$9 são aposta das marcas para enfrentar crise

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Grandes fabricantes de chocolate apresentaram seus lançamentos para a Páscoa de 2016 em São Paulo. Para enfrentar a crise, estão apostando em versões pequenas, como o ovo Sonho de Valsa de 95g (o normal vai de 270g a 330g), da Lacta (foto). O preço sugerido é R$ 8,99. Clique nas imagens acima e veja outros destaques Leia maisDivulgação

Para enfrentar a crise econômica na Páscoa deste ano, as empresas estão apostando em produtos menores e mais em conta, como miniovos por R$ 9. Além disso, há recheios que imitam sobremesas e surpresas mais elaboradas.

Ovos pequenos já existiam em outros anos, mas há lançamentos agora e a expectativa de que vendam mais.

No geral, os ovos de Páscoa vão chegar às prateleiras até 10% mais caros neste ano, comparando-se o mesmo tamanho com o do ano passado, segundo estimativa dos fabricantes. Mesmo assim, não houve aumento real, pois isso representa a variação da inflação.

As empresas atribuem o aumento dos preços principalmente à alta do dólar. Entre 25% e 30% do cacau usado na produção é importado. Além disso, o produto é cotado na Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos. Com a disparada do dólar, o preço do cacau subiu 50% no ano passado.

Menos de R$ 10

Entre as apostas da Lacta para a data, estão ovinhos recheados de chocolate ao leite ou na versão Sonho de Valsa de 95g, que devem sair por menos de R$ 10 nas lojas. O preço sugerido é de R$ 8,99. Os ovos normais de Sonho de Valsa mais vendidos pesam de 270g a 330g.

“Mais da metade das nossas ofertas vai custar menos de R$ 30”, diz Fernanda Pincherrie, gerente de marketing da Lacta. “Percebemos que o consumidor está saindo de outros pontos de venda e voltando a preferir os supermercados, onde ele encontra marcas fortes e faz um desembolso menor.”

Entre os lançamentos da Nestlé e da Garoto, estão versões menores de chocolates de marcas tradicionais. A Nestlé, que tem em seu portfólio ovos Alpino e Galak, apresentou produtos dessas duas marcas em formato de coelho, de 90g.

A Garoto lançou uma versão do Baton, de 50g, também em formato de coelho (além de manter o ovo Baton de Colher). As duas marcas ainda não divulgaram os preços dos produtos.

Ovo de R$ 462

Na terça-feira (19), a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) promoveu em São Paulo o Salão de Páscoa, evento que reúne parte dos fabricantes e suas novidades para a data. Os produtos chegam às prateleiras em fevereiro.

No total, as marcas exibiram 147 lançamentos, entre eles alguns luxuosos, como um ovo da Kopenhagen de 1kg que sai a R$ 462. Essa, no entanto, não é uma tendência geral.

“Como estamos em um cenário de economia em recessão, inflação alta, PIB baixo e desemprego, muitos fabricantes optaram por lançar ovos menores. Muitas também automatizaram mais a produção para reduzir os custos”, afirma Ubiracy Fonseca, vice-presidente da Abicab.

Brinquedos da China

O valor dos brinquedos que são dados como brindes nos ovos destinados ao público infantil também subiu, porque a maioria é importada da China.

“Aumentamos os preços em linha com a inflação, em cerca de 10%”, diz André Laporta, gerente de marketing da Nestlé. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de janeiro a dezembro de 2015 foi de 10,67%.

Outras empresas dizem que, apesar do aumento dos custos, seguraram um pouco os preços. No Grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, e na Cacau Show, o reajuste médio anunciado foi de 6%.

A Arcor também diz que promoveu reajustes abaixo da inflação, mas não informou o índice médio.

Vendas estáveis

A maioria das marcas não prevê aumento nas vendas neste ano, mas estabilidade com relação a 2015. “A produção deste ano ficou estável em relação a 2015, em cerca de 20 mil toneladas”, diz Fonseca, da Abicab.

De acordo com a Abicab, as indústrias e as lojas especializadas geraram cerca de 29 mil empregos temporários em todo o país por conta da Páscoa, um número 10% maior do que no ano passado.

São vagas de produção, promoção e venda de produtos. “Muitas empresas estão investindo nos pontos de venda para atrair o consumidor”, afirma Fonseca.

Folha