O ano de 2015 foi de grandes avanços na Medicina, entre eles a edição genética, o crescimento da imunoterapia e os primeiros passos rumo a um medicamento que pode reduzir a progressão do Alzheimer.
O feito, realizado na Universidade de Sun Yat-sen, em Guangdong, mostrou que é possível corrigir erros de DNA que levam a um transtorno sanguíneo conhecido como talassemia beta.
Também houve tentativas de criar mosquitos resistentes à malária e criar órgãos de porcos que possam ser usados em transplantes para humanos.
As técnicas têm gerado debates éticos sobre a criação de “bebês projetados” e seres humanos “geneticamente modificados”, mas as pesquisas tendem a continuar.
Derrota do câncer?
Os tratamentos de câncer estão à beira de uma grande revolução após um de seus campos mais promissores, a imunoterapia, finalmente chegar à sua maturidade.
Se você tem gripe, seu sistema imunológico busca e destrói o vírus dentro do seu organismo. Já os tumores têm a capacidade de se disfarçar de tecidos saudáveis para evitar tais ataques.
A imunoterapia desfaz o mecanismo de “disfarce”, deixando o câncer exposto aos ataques do nosso próprio sistema imunológico.
Dados de duas grandes pesquisas apresentados no congresso anual da Sociedade de Oncologia Clínica dos Estados Unidos mostraram que a taxa de sobrevida dobrou em pacientes com câncer de pulmão submetidos à esta nova técnica.
Já em casos de melanoma, um tipo de câncer de pele, os tumores encolheram em aproximadamente seis de cada dez pacientes.
Entre as estatísticas, no entanto, há casos importantes.
Alguns dos pacientes evoluíram de um estágio de câncer terminal à ausência completa da doença, comprovando que este é um dos campos mais em evidência da Medicina contemporânea.
Resistência a antibióticos
Uma das questões mais preocupantes na área médica têm sido a resistência a antibióticos e as ameaças que bactérias superpotentes trazem à saúde humana.
Alguns médicos chegaram a declarar recentemente que o mundo estava às margens de uma “era pós-antibióticos” após identificarem bactérias capazes de resistir à colistina, um medicamento usado somente quando todos os outros já falharam.
A resistência à esta droga foi identificada em pacientes e cobaias na Europa, África, China e outras partes da Ásia, aumentado as preocupações em torno de um “apocalipse antibiótico”.
Mas apesar das preocupações, há boas notícias.
Uma equipe dos Estados Unidos sinalizou durante este ano que a ausência da descoberta de novos antibióticos, que já dura décadas, pode estar próxima do fim.
Baseados na Universidade Northeastern, em Boston (EUA), os pesquisadores desenvolveram um novo método para criar culturas de bactérias que levaram à criação de 25 novos antibióticos, sendo um deles “muito promissor”, em meio à continuidade dos testes para determinar se as novas drogas podem ser usadas em seres humanos.
Bebê “congelado”
Na Bélgica uma mulher foi a primeira do mundo a dar à luz um bebê usando tecido de seu próprio ovário que havia sido congelado quando ela era adolescente.
A belga, de 27 anos de idade, teve um de seus ovários removido cirurgicamente aos 13 anos devido a um tratamento para anemia que poderia deixá-la estéril. O outro ovário não respondeu ao tratamento com sucesso.
Dez anos depois, os médicos implantaram fragmentos de seu ovário congelado no órgão remanescente e em 11 outros locais de seu corpo, e ela deu à luz um menino.
O rosto de um milhão de dólares
Cirurgiões norte-americanos realizaram em agosto deste ano o transplante de rosto mais completo de que se tem notícia, incluindo o couro cabeludo inteiro, orelhas e pálpebras.
Foram 26 horas de cirurgia até que o bombeiro voluntário Patrick Hardison, de 41 anos, tivesse uma nova face.
As queimaduras de terceiro grau em todo o rosto e couro cabeludo foram resultado de seu esforço para tentar resgatar uma mulher que ele acreditava estar presa nas chamas de um incêndio numa casa.
Ele esperou por mais de um ano por um doador que fosse uma combinação perfeita – não só do mesmo tipo sanguíneo mas também com a pele e o cabelo claros, como os dele.
A equipe médica diz que Patrick precisará de mais cirurgias para remover quantidades de pele solta em torno dos lábios e dos olhos.
Também em 2015, no Texas, um homem passou pelo primeiro transplante de crânio e couro cabeludo do mundo.
Demência
No ano de 2015 começaram as surgir os primeiros detalhes de como um medicamento poderia reduzir o ritmo do declínio cerebral de pacientes com Alzheimer em seus estágios iniciais.
Medicamentos poderiam reduzir em um terço avanço da doença.
Dados da companhia farmacêutica Eli Lilly sugeriram que a nova droga, conhecida como solanezumab, pode interromper o avanço da demência em até um terço.
Atualmente a Medicina considera impossível interromper a morte de neurônios devido à doença.
Resultados mais completos são esperados para o próximo ano, mas acredita-se que o solanezumab possa aumentar a sobrevida dos pacientes de Alzheimer através de um ataque a proteínas deformadas que surgem no cérebro em decorrência da doença.
Novo acesso ao cérebro
Pela primeira vez médicos pesquisadores conseguiram transpor a camada de proteção do sistema nervoso central de modo que drogas que combatem o câncer pudessem chegar ao cérebro de forma adequada.
Equipes médicas atingiram novo acesso ao cérebro.
A camada que reveste o cérebro, conhecida como barreira hemato-encefálica normalmente previne infecções e toxinas de chegar ao sistema nervoso central.
A equipe canadense injetou minúsculas bolhas cheias de gás na corrente sanguínea de um paciente para realizar pequenas perfurações temporárias na barreira.
Após as perfurações, os pesquisadores aplicaram ondas de ultrassom através do crânio, fazendo com que as bolhas vibrassem, levando com elas medicamentos quimioterápicos.
A técnica poderia ser usada para diversos fins, entre eles tratamento oncológico, demência, e doença de Parkinson, mas mais estudos são necessários.