Em um encontro que durou 50 minutos entre Dilma Rousseff e Michel Temer, o vice reafirmou os pontos de sua insatisfação que estavam na carta enviada por ele ao Palácio do Planalto e a presidente reconheceu erros no passado e prometeu trabalhar para evitá-los.
Depois da reunião, ambos deram declarações protocolares. Temer fez um único comentário e não respondeu a perguntas. “Combinamos, eu a presidente Dilma, que nós teremos uma relação pessoal, institucional, que seja a mais fértil possível”.
Dilma, por meio de nota, foi na mesma linha. “Na nossa conversa, eu e o vice-presidente Michel Temer decidimos que teremos uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente, sempre considerando os maiores interesses do País”.
Preocupada com as derrotas que o governo tem sofrido na Câmara durante a tramitação de seu processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff fez um gesto em direção a seu vice, Michel Temer, e propôs “um acordo de convivência institucional” entre os dois neste período de crise.
Temer disse que queria que Dilma entendesse os termos da carta como um desabafo e voltou a afirmar que não esperava que o conteúdo se tornasse público. Há uma guerra de versões entre governistas e aliados do vice sobre quem vazou a carta à imprensa.
Foi o primeiro encontro de ambos depois que o vice enviou à presidente a carta onde diz que, nos últimos anos, foi “decorativo” no governo e explicita a desconfiança que a petista tem em relação a ele e seu partido, o PMDB.
Segundo a Folha apurou, Dilma ficou “assustada” com o os termos usados pelo vice, mas disse a aliados que é importante “tentar trazê-lo de volta para onde ele sempre esteve, na posição de vice-presidente da República”.
Temer, por sua vez, disse a interlocutores que não vai adotar um posicionamento hostil diante de Dilma ou do Planalto.
A avaliação de Dilma é que o governo não pode “desistir do PMDB” apesar de saber que não contará mais com o “empenho” de Temer e de alguns importantes quadros do partido da base aliada.
Nos bastidores, auxiliares de Dilma dizem que estão cientes do comportamento “conspiratório” de Temer, mas que não é interessante agora criar animosidades com o vice ou seus aliados.
Isso porque, na terça e na quarta-feira, o governo sofreu derrotas significativas na Câmara dos Deputados, com o plenário aprovando a chapa oposicionista para compor a comissão que vai avaliar o processo de impeachment de Dilma -rito que foi suspenso por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Edson Fachin- e a destituição do líder do PMDB na Casa, Leonardo Picciani (RJ), alinhado ao Planalto.
APAZIGUAR ÂNIMOS
No encontro com Dilma, Temer pediu para o governo não interferir na liderança do PMDB e disse que ele vai tentar apaziguar os ânimos na bancada da Câmara.
A estratégia do governo é evitar a debandada dos seis ministros do PMDB que ainda figuram na Esplanada dos Ministérios e disputar o novo líder do partido na Câmara, Leonardo Quintão (MG), com os grupos de Temer e Cunha.
O Planalto escalou, inclusive, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), amigo comum de Dilma e Quintão, para ajudar na missão de fazer com que o peemedebista não vire um inimigo do governo federal.
‘normalidade’
Um dia depois da conturbada eleição da chapa oposicionista para comissão que avaliará o pedido de impeachment e a suspensão do processo pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Temer disse nesta quarta que o país vive uma”normalidade democrática extraordinária”.
Folha