PF identifica responsáveis pelo tráfico de Turmalina Paraíba

Ex-deputado está envolvido no esquema criminoso

turmalina paraibaA extração ilegal do minério turmalina paraíba, cujo esquema de tráfico internacional foi alvo da operação ‘Sete Chaves’, deflagrada em maio deste ano pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), era facilitado, mediante corrupção, por três pessoas ligadas à diretoria do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), incluindo o ex-deputado federal de Minas Gerais (MG) João Magalhães (PMDB), segundo inquérito do MPF e PF.

De acordo com informações do MPF, no início de 2015, o parlamentar e o diretor do DNPM à época, Sérgio Dâmaso, teriam recebido, juntos, U$$ 500 mil (R$ 1,5 milhão) para conseguir a autorização irregular para exploração da turmalina por parte da mineradora Parazul, que funciona no distrito de São José da Batalha, no Sertão paraibano.

As investigações feitas pelo MPF e PF apontam que o indício da participação dos dois funcionários do DNPM e do ex-deputado federal, que atualmente é deputado estadual em Minas Gerais, no esquema de exploração ilegal da turmalina foi constatado a partir de um processo judicial em que a mineradora Parazul solicitou à Justiça Federal uma liminar para impedir que a mineradora Turmaline explorasse a área dela. No entanto, a Parazul não tinha autorização do DNPM para explorar a área, mas sim um alvará de pesquisa, cuja validade expirou em 1999.

O outro integrante do DNPM apontado nas investigações é o ex-procurador do órgão, Antônio Salmeirão, que teria feito o contato entre o deputado e o então diretor do departamento. Segundo o inquérito, esse esquema teria facilitado a liberação da exploração da área das turmalinas pela Parazul, mediante o pagamento de U$$ 500 mil.

LAVAGEM DE DINHEIRO
As investigações do esquema de tráfico internacional da turmalina paraíba também continuam na Polícia Federal. Segundo o delegado Fabiano Lucena Martins, além dos oito indiciados na Operação Sete Chaves, outras pessoas estão envolvidas no processo de compra e venda das pedras no que se refere ao crime de lavagem de dinheiro. “Foi um esquema de lavagem de dinheiro minucioso e sabemos que várias operações bancárias foram feitas em bancos no Brasil e no exterior, porque a quantia que foi encontrada na conta dos indiciados é irrisória”, disse o delegado.

O procurador João Raphael Lima, responsável pelas investigações na Procuradoria Regional de Patos, Sertão, revelou que é praticamente impossível mensurar a quantia que deveria ter sido paga à União e ao município de Salgadinho, onde fica o distrito de São José da Batalha. Contudo, estima-se que somente entre dezembro de 2014 e maio deste ano a extração ilegal das turmalinas teria rendido à Parazul, no mínimo, R$ 60 milhões. “Isso é o que estimamos, mas muitas pessoas exploram e já exploraram a turmalina paraíba sem fiscalização e por vários anos”, lamentou o procurador.

Jornal da Paraíba