TRAGÉDIA EM MG: Mineradora admite risco de rompimento em mais duas barragens

Segundo empresa, estão sendo colocados blocos de rocha de cima para baixo para reforçar a estrutura

barragem samarcoA mineradora Samarco, responsável pela barragem de rejeitos que se rompeu em Mariana (MG) no dia 5, admitiu que há risco de rompimento das barragens de Santarém e Germano, que ficam próximas à primeira, na Região Central de Minas. Durante coletiva nesta terça-feira, o diretor de operações e infraestrutura, Kléber Terra, informou que o fator de segurança na barragem de Santarém é de 1,37 numa escala de 0 a 2. Na de Germano, Terra afirmou que o dique Celinha, uma das estruturas, tem índice de 1,22, o menor em todo o complexo. As informações são do G1.

Segundo o diretor, estão sendo colocados blocos de rocha de cima para baixo, para reforçar a estrutura, processo que deve levar 45 dias em Santarém e 90 dias na barragem de Germano. Nessa, o corpo principal (maciço) está preservado, segundo a mineradora, mas com danos no ponto mais alto (crista) e em parte na estrutura que permite a saída de água (vertedouro).

A TRAGÉDIA

A barragem de rejeitos da Samarco, que tem como acionistas a Vale e a BHP, criou uma onda de lama ao se romper. O distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, ficou completamente destruído. A lama atingiu outros municípios do Estado e o Rio Doce, o que causou morte de animais e prejudicou o abastecimento de água. Ainda são 12 desaparecidos, e sete mortos já foram identificados como vítimas da tragédia.

Na edição desta segunda-feira, O GLOBO mostrou que a tragédia de Mariana é o maior acidente da História em volume de material despejado por barragens de rejeitos de mineração. Os 62 milhões de metros cúbicos de lama que vazaram dos depósitos da Samarco representam uma quantidade duas vezes e meia maior que o segundo pior acidente do gênero, ocorrido em 4 de agosto de 2014 na mina canadense de Mount Polley, na Colúmbia Britânica, diz o pesquisador Marcos Freitas, coordenador executivo do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), ligado à Coppe/UFRJ.

Outro desdobramento do desastre foi que o acordo entre Samarco e Ministério Público, com previsão de pagamento de R$ 1 bilhão para reparar danos decorrentes do rompimento da barragem em Mariana (MG), foi feito sem aval do governo federal e não interfere na ação civil pública preparada pelo Ibama e pela Advocacia Geral da União (AGU), segundo fontes do governo que participam dos cálculos dos danos a serem ressarcidos. O valor da ação do governo na Justiça deve superar o R$ 1 bilhão acertado entre a mineradora e os Ministérios Públicos Federal e de Minas Gerais.

O Globo