GUERRA: França está bombardeando neste momento o EI na Síria

Resposta aos ataques terroristas a Paris foram anunciadas hoje a reduto no centro-norte da Síria

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Bombeiros tentam salvar os feridos no atentado na última sexta (13) / Christian Hartmann/Reuters

Por: Diário SP Online

Após os principais líderes da França prometerem guerra ao Estado Islâmico, o Ministério da Defesa francês informou no começo da noite de de domingo (15) (horário de Brasília) que o país iniciou seus contra-ataques. Com ao menos dez bombardeios, o país realizou uma série de ataques à capital do autoproclamado califado do grupo jihadista, Raqqa, no centro-norte da Síria.

Segundo o ministério, foram atingidos um centro de controle e comando, um campo de recrutamento, um depósito de munição e um campo de treinamento. Ao total, foram 20 bombas utilizadas.

 

Essa foi a primeira resposta aos ataques terroristas de sexta-feira, em Paris, que deixaram 122 mortos e mais de 350 feridos, 99 deles em estado grave.

O presidente François Hollande e o premier Manuel Valls haviam classificado os atentados como um “ato de guerra”, e prometeram dar respostas à altura contra o grupo terrorista.

Apesar do alarde das autoridades, esta não é a primeira vez que a França bombardeia a Síria. Em setembro, o país atingiu um campo na província oriental de Deir ez-Zor, próximo do posto de fronteira de Bukamal. Ali, o EI conecta suas forças presentes na Síria e no Iraque. Ao menos 30 morreram, entre eles 12 meninos-soldados. A França também atacou Raqqa em outubro.

Medo/ O atentado de Paris deve pôr toda a Europa em estado de alerta, lembrou o cientista político Rolf Tophoven, em entrevista à Agência O Globo. “Os terroristas já foram infiltrados em diversos países, onde a qualquer momento, como em Paris, alguma célula pode pôr em ação o seu plano”, disse.

Mas a França está no foco das ações do Estado Islâmico na Europa, por fazer parte da coalizão internacional e realizar ataques aéreos contra os jihadistas no Iraque e na Síria.

Em comunicado publicado sábado, na internet, em árabe e francês, o grupo afirmou que os ataques em Paris seriam uma resposta aos “bombardeios contra os muçulmanos em terras do califado”.

“Para o ataque em Paris, os terroristas tinham um motivo atual, que é a luta do Exército francês na Síria. Mas, por trás do plano está não apenas o desejo de vingança, mas sim uma estratégia pérfida de fazer o conflito escalar, provocar nos governos uma forte reação contra o Islamismo e ódio das populações locais contra os muçulmanos, para, assim, reforçar a propaganda e atrair novos adeptos. Em resumo, o EI quer exportar a guerra da Síria e do Iraque para a Europa”, afirmou o cientista Rolf Tophoven.

Velho conhecido do serviço de inteligência detonou casa Bataclan

Um dos terroristas identificados. Omar Ismael Mostefai, era um cidadão francês de 29 anos de ascendência argelina e conhecido pelo serviço de inteligência, desde 2010, como pequeno delinquente e por ligações com radicais islâmicos.

Na noite de sexta-feira, ele chegou em um carro preto na casa de show Bataclan, onde 89 pessoas morreram, junto com outros terroristas armados com fuzis Kalashnikov e vestidos de coletes de explosivos. Ao entrar no teatro, eles abriram fogo contra a plateia que assistia a um show da banda Eagles of Death Metal.

Dos outros três supostos terroristas identificados, dois deles seriam os irmãos franceses Ibrahim e Salah Abdeslam. O terceiro homem seria Bilal Hadfi.

Os três viviam na Bélgica, que emitiu ordem de detenção internacional contra Abdeslam, suposto fugitivo, depois de prenderem sete pessoas ligadas aos atos terroristas, três no sábado e quatro ontem.

Um veículo usado pelo terror foi encontrado no subúrbio da capital francesa com fuzis Kalashnikov dentro.

Três meses de estado de emergência

O presidente da França, François Hollande, pedirá a ampliação por até três meses do estado de emergência decretado após os atentados terroristas. O anúncio foi feito ontem pelo presidente do Senado, Gérard Larcher, após ser recebido junto a outros parlamentares no Palácio do Eliseu, sede da presidência. Com o decreto, que terá de ser aprovado, pode proibir a circulação de pessoas ou veículos em determinados locais e horários. Ontem, na Praça da República, em Paris, um policial se assustou com o barulho de uma vela, puxou sua arma e provocou um grande tumulto, mostrando como estão os ânimos na cidade.