No acumulado do ano, a elevação de preços já está em 8,52%, maior taxa para o período de janeiro a outubro desde 1996
Para muitos brasileiros, está cada vez mais difícil fazer o salário chegar ao fim do mês. A inflação de outubro medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,82%, segundo o IBGE. Em setembro, a taxa foi de 0,54% e, no mesmo período do ano passado, de 0,42%.
A inflação de outubro medida pelo IPCA ficou em 0,82%, segundo o IBGE. Em setembro, a taxa foi de 0,54% e, no mesmo período do ano passado, de 0,42%
No acumulado do ano, a elevação de preços já é de 8,52%, a maior taxa para o período de janeiro a outubro desde 1996 (quando ficou em 8,70%). A esta altura, já está claro que a alta de preços não vai ficar dentro da meta definida pelo Banco Central, de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo.
Mas o que fez a inflação acelerar em um momento em que o consumo está em retração?
Ao menos em outubro a resposta parece estar ligada a reajustes autorizados pela Petrobras para os combustíveis e o gás de cozinha. Abaixo, confira os três itens que puxaram a alta de preços do mês passado:
1. Transporte
Principalmente em função da alta da gasolina, o item “Transporte” teve uma elevação de preços de expressivo 1,72% em outubro e contribuiu com 0,31 ponto percentual dos 0,82% do IPCA do mês.
O reajuste dos combustíveis foi autorizado pela Petrobras no dia 29 de setembro. A última alta nas refinarias havia sido em novembro e, em janeiro, também houve uma elevação dos impostos sobre os combustíveis.
Principalmente em função da alta da gasolina, o item “Transporte” teve uma elevação de preços de 1,72% em outubro; reajuste foi autorizado pela Petrobras em 29 de setembro
Como resultado dessa nova alta, a gasolina ficou em média 5,05% mais cara em outubro, segundo o IBGE. E, no ano, a alta acumulada do produto já é de 17,93%.
O etanol aumentou ainda mais no mês passado – 12,29% – embora sua contribuição seja menor para o índice cheio.
2. Alimentação e bebidas
O item “Alimentação e Bebidas” foi o segundo que mais subiu e mais puxou a inflação do mês. A alta foi de 0,77% em outubro, contribuindo com 0,19 ponto percentual para o índice cheio.
Comer fora de casa ficou em média 0,93% mais caro em outubro, sendo que donos de restaurantes costumam citar sua pressão de custos em insumos como energia e gás como uma das causas dos reajustes.
Para as compras do mercado a alta foi de 0,68%. Entre as maiores elevações do mês estão o frango inteiro (5,98%) o açúcar cristal (4,43%) o alho (4,12%) e a cerveja (4,06%). No ano, o alho (41,8%) e as carnes (17,1%) acumulam as maiores altas.
Segundo analistas, o fato de alimentos serem produtos “exportáveis” faz com que seus preços tendam a subir quando o dólar se valoriza.
A lógica seria que, como os exportadores ganham mais vendendo seus produtos para fora, em geral acabam cobrando um preço mais elevado para mantê-los no mercado interno.
3. Habitação
O item “Habitação” subiu 0,75% contribuindo com 0,12 ponto percentual para o IPCA cheio de outubro. Isso ocorreu em grande parte em função do reajuste de 15% do gás de cozinha, autorizado pela Petrobras em agosto.
Foi o primeiro aumento do preço do produto desde dezembro de 2002.
Como resultado, o botijão de gás – que já tinha subido 12,98% em setembro – ficou 3,27% mais caro no mês passado segundo o IBGE.
Outro vilão da inflação neste grupo foi a energia elétrica, que subiu 0,87% em outubro, refletindo reajustes promovidos por concessionárias em lugares como São Paulo e Goiânia.
IG