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RIO — Uma mulher de 35 anos morreu na última segunda-feira, após passar mal e buscar atendimento no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A técnica em enfermagem Elizangela Medeiros Gonçalves trabalhava na própria unidade. Ela reclamava de falta de ar e dores no peito. Foi levada pelo marido à unidade de saúde na madrugada do dia 29 de outubro, dia de sua folga, por volta de 05h30m. Segundo a família, o médico de plantão alegou que ela estava de frescura e que queria um atestado. Ainda de acordo com a família, Elizangela recebeu atendimento apenas às 07h30m e teve alta. Em áudio enviado pelo Whats App, a técnica em enfermagem reclamou do descaso com o qual foi atendida. Três dias após a gravação, ela morreu.
Familiares da técnica de enfermagem relataram ainda que ela não conseguia andar, mesmo após ter sido liberada da unidade. Na última segunda-feira, ela foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Mesquita após passar mal novamente e morreu. O atestado de óbito alega como causa indeterminada a morte de Elizangela.
O marido dela, Éder Gil Moreira de Carvalho, está na 59ª DP (Duque de Caxias) para prestar queixa contra dois médicos do Hospital de Saracuruna que atenderam a mulher dele. Segundo Éder, o clínico general Sebastião Bastos Junior disse para sua esposa, que passava muito mal no momento, que ela tinha ido lá apenas em busca de um atestado médico:
— De madrugada, quando ela passou mal, eu tinha a opção de levá-la para o Hospital Carlos Chagas, em Realengo, ou o de Saracuruna. Escolhi o segundo porque acreditei que lá ela poderia ter um melhor atendimento, afinal seria atendida por seus amigos. Minha mulher estava de folga e não teria motivo para ir em busca de um atestado médico. O Sebastião disse que era frescura dela e por isso a liberou horas depois. Ele disse que ela queria apenas um atestado médico, mas eu saí com outro atestado, o de óbito – declarou.
Muito abalado, Éder disse que tem dois filhos com Elisângela: um menino de 14 e outro de 8 anos. A mulher dele foi enterrada nesta terça-feira no Cemitério de Olinda, em Nilópolis.
— Os meus filhos estão abalados, mas estão com mais força do que eu. Acho que ainda não caiu a ficha para eles.
Luzia Medeiros de Oliveira, mãe de Elizangela, sempre que começa a falar sobre o caso, chora muito.
– Ela era a minha princesa. Dois monstros levaram a minha princesinha. Não fizeram nada por ela – disse Luzia, aos prantos.
A presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Rio, Mírian Andrade, disse que vai encaminhar ofício, pedindo apuração do que ocorreu para o Ministério Público, Secretaria estadual de Saúde e Cremerj. Segundo ela, este caso não pode ficar sem investigação.
– Ela (Elizangela) era uma profissional de saúde, mas também usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, deveria ter o atendimento adequado. A queixa de não atendimento a funcionários das unidades de saúde é recorrente – disse Mírian, que vai se encontrar com a família e também colocou o sindicato à disposição.
Em nota, o hospital informou que abriu inquérito para apurar o caso e garantiu que Elizangela foi prontamente atendida.
O Globo