Rubens Nóbrega
Nos últimos dez dias, este colunista enviou pelo menos cinco pedidos de informações e esclarecimentos ao governador Ricardo Coutinho acerca de problemas e denúncias que envolvem seus atos e contratos.
O governador nada respondeu, pra variar. Resolvi, então, tornar públicas mais uma vez as minhas demandas por respostas e posicionamentos oficiais sobre assuntos que dizem respeito ao interesse público.
Lanço mão de tal expediente para deixar claro pela enésima vez que não adianta o governante me ignorar, indexar ou até proibir que os seus auxiliares me dispensem o mesmo tratamento.
A cada período de calado como resposta corresponderá a exposição urbi et orbi das indagações e questionamentos que faço direto ao monarca. Não por capricho, birra ou vaidade de súdito atrevido, mas por ética profissional.
Serve também para mostrar que a transparência de gestão prometida em campanha e apregoada na posse, apesar de obrigação legal de governo, não passa até aqui de retórica, de conversa pra boi dormir, de um risco n’água.
Vejamos, então, nos tópicos a seguir, as perguntas que não se calam, mas a elas o soberano não dá resposta, lembrando que o arauto-mor da Corte e secretário de Estado da Comunicação Social recebeu cópias de todas essas mensagens.
Por que aumentou tanto a folha?
A última temporada da série começou no dia 22 de agosto último, assim: “Senhor Governador, o SindifiscoPB está denunciando que houve ‘substancial aumento’ na despesa com pessoal do Estado no terceiro bimestre. Além disso, reclama que o governo vem descumprindo a Lei do Subsídio e se recusa sistematicamente a dialogar com a categoria que aquela entidade representa. Solicito informações e esclarecimentos a respeito bem como o posicionamento de Vossa Excelência ou de qualquer um auxiliar que for designado para tanto”.
Por que a LDO não sai no DO?
Também no dia 22 encaminhei o seguinte i-meio: “Senhor Governador, solicito informações e esclarecimentos acerca do conteúdo da nota divulgada pelas entidades que representam magistrados, promotores e procuradores de Justiça” (sobre nota conjunta da Associação dos Magistrados da Paraíba e a Associação Paraibana do Ministério Público cobrando do governo explicações sobre a não publicação no Diário Oficial do Estado da Lei nº 9.431, a LDO, sem os vetos reais opostos fora de prazo).
A Cruz ‘livra’ R$ 3 mi por mês?
No dia 24, enviei a seguinte mensagem a Sua Majestade: “Senhor Governador, recebi hoje a informação de que finalmente foram deflagradas esta semana as tratativas para contratar a Toesa, com o objetivo expresso na mensagem que enviei anteriormente a Vossa Excelência sobre o assunto. Fui informado também de que senhor teria autorizado o pagamento antecipado de R$ 44 milhões à OS que usa o nome da Cruz Vermelha e foi contratada por seu governo para administrar o Hospital de Trauma da Capital. Procede? Qual a justificativa para essa antecipação, que daria folga de cerca de R$ 3 milhões/mês à contratada, considerando que a despesa média do HT gira em torno de R$ 4 milhões e pode ser ainda mais reduzida, em razão do enxugamento brutal de força de trabalho e otimização de custos?”.
Por que alugar, se pode comprar?
No dia 25, fiz o seguinte questionamento: “Senhor Governador, qual o sentido de gastar R$ 5.073.513,32 em apenas cinco meses com aluguel de 32 ambulâncias da Easy Life se com esse dinheiro daria para comprar pelo menos 40 ambulâncias de suporte avançado ou 50 de suporte básico? Qualquer dúvida, favor consultar na página 17 do DOE de terça, 23.8.2011, o Extrato do Contrato nº 0016/2001, da Secretaria de Estado da Saúde”.
Quem financiou os outdoors?
No último dia 29, perguntei: “Senhor Governador, Senhor Secretário, o deputado federal Manoel Júnior denunciou nesta data que a Secom do Estado estaria ‘por trás’ ou financiando outdoors que jogam populares, sobretudo moradores de Mangabeira, contra deputados de oposição que votaram a favor da construção de um shopping no terreno da Acadepol. Digo assim porque entendo que foi a bancada governista na Assembléia (suponho que por orientação ou sob ordens de Vossas Excelências) – e não a bancada de oposição – que votou contra a emenda destinada a amarrar a construção do shopping. O que Vossas Excelências têm a declarar sobre a denúncia do deputado Manoel Júnior?