Suspensa por enquanto a retrospectiva dos seis anos do Ricardo I porque hoje tem sessão especial pra lá de importante às 10h na Assembléia. É pra discutir a terceirização e as demissões no Hospital de Trauma da Capital.
Peço às pessoas de bem disponíveis e interessadas que compareçam. Conto ainda com a presença do secretário estadual de Saúde do Estado. Ele deve explicar os traumas de uma terceirização que custa mais de R$ 7 milhões/mês ao erário.
Deve explicar, sobretudo, porque o serviço piorou, segundo o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), que ontem pela manhã distribuiu nota sobre o que encontrou no Trauma durante inspeção realizada na última quinta-feira, dia 25.
A nota do CRM ressalta que após quatro meses da última fiscalização constatou que o HT “está passando graves problemas de superlotação que superam os encontrados na vistoria realizada em maio deste ano”. Vejamos alguns desses problemas:
• identificados 50 leitos extras, 20 a menos do que em maio, com a maioria dos internos em estado de saúde gravíssimo;
• na área de vermelha, de internação da emergência, superlotação jamais encontrada pela equipe de fiscalização do Conselho;
• na área principal, onde só caberiam cinco pacientes, o CRM encontrou oito, dos quais cinco entubados, ou seja, em estado grave;
• na sala anexa, suficiente para quatro pacientes, apertavam-se 14, impossibilitando o acesso dos profissionais aos doentes, já que os leitos distavam apenas 10 cm um do outro, quando a distância correta seria 80 cm;
• na área amarela, dos menos graves, homens e mulheres misturados, sem separação por biombos ou divisórias, sem privacidade alguma, inclusive na hora do asseio, quando são utilizadas aparadeiras;
• leitos obstruíam acesso ao banheiro da área amarela, feita para oito pacientes, mas estava com 14 pacientes na visita do CRM, que anotou ainda dois leitos extras, improvisados, no corredor de acesso à ala;
• noutros corredores, pelo menos mais seis leitos improvisados, um deles ocupados por uma senhora de idade bastante avançada deitada numa maca há três dias aguardando atendimento;
• a UTI 2 estava lotada, mas sem leitos extras, e a UTI adulto com as duas câmaras hiperbáricas sem funcionar e todos os leitos ocupados;
• tratamento precário dos pacientes que precisam de terapia renal substitutiva, situação que compromete a qualidade da assistência;
• tomógrafo sem funcionar, embora o hospital disponha de outro encaixotado desde 2008 e ninguém desembrulha para colocá-lo em uso;
• o aparelho de ultrassom também estava sem funcionar e o serviço vinha sendo feito por um mais antigo, sem a qualidade necessária para um exame confiável.
E isso é só um pouco do que está em relatório assinado pelo doutor Eurípedes Mendonça, diretor de Fiscalização do CRM-PB.
Nosso homem em Havana
(por James Wormold)
Ameaça de nova tradição na Paraíba. Quando a rejeição começa a se expressar em vaias espontâneas ou a mídia tenta investigar escândalos, governantes partem em missões obscuras e sem futuro para lugares feito Tartaristão, Cuba ou Venezuela.
O propósito de tais aventuras não é anunciado claramente nem os resultados obtidos mensurados e publicados. Além disso, falta de transparência sobre a comitiva e os gastos suportados pela Viúva. Coisa de ditadores e regimes autoritários.
Quando prefeito, o atual governador embarcou para Cuba em missão de propósitos e resultados ainda hoje questionados por aqueles que prestam atenção às tendências turísticas de Sua Excelência.
Lembro que ele assinou em 2007 um termo de compromisso entre as cidades de João Pessoa e Havana. Caracterizou o documento como um primeiro passo para intercâmbio nas áreas de interesse comum às duas cidades, especialmente na educação, saúde, cultura, além de ciência e tecnologia.
Ninguém apresentou até hoje justificativa para os gastos daquela viagem, salvo escassas referências a um programa de alfabetização de adultos – ‘Sim, eu posso’ – importado da ilha de Fidel. E daí, deu em quê? Talvez nem o Comandante de cá saiba. Ou sabe, mas, de tão pífio o desempenho, não divulga.
Quanto aos aspectos comerciais da missão atual, não teria sido mais econômico e eficaz acionar o Centro de Negócios da Apex em Havana, usado frequentemente por empresários brasileiros com bons resultados, sem interferência governamental?
As vendas de produtos da Paraíba aumentaram significativamente devido à participação ativa dos nossos empresários nas feiras internacionais de Cantão, Xangai e Hong Kong, entre outras. Governantes são figurantes dispensáveis nesse roteiro. Melhor ficar por aqui para cuidar das prisões, hospitais, ruas e mesas de funcionários demitidos.
E haja cuba libre para tanta incompetência! Ou, quem sabe, o propósito real da visita seja genuíno altruísmo: oferecer assistência hospitalar a Fidel Castro e Hugo Chávez nos corredores do Trauma da Cruz Vermelha.