No dia em que vieram a público declarações do ministro Joaquim Levy (Fazenda) ressaltando a necessidade de o governo promover mais cortes de despesas para equilibrar as contas públicas, o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) convocou entrevista para exibir dados sobre a redução de gastos administrativos do governo.
Segundo Barbosa, despesas com itens como passagens, serviços de comunicação e limpeza caíram 7,5% até agosto na comparação com o mesmo período do ano passado, já descontada a variação da inflação, e somaram R$ 14,2 bilhões.
Os números mostram “o esforço que tem sido feito nos últimos anos, principalmente este ano, de redução desse tipo de gasto”, afirmou o ministro, ao listar iniciativas para a contenção das despesas.
As despesas administrativas representam cerca de 3% dos gastos totais do governo, excluindo juros.
Ao jornal “Valor Econômico”, Levy afirmou que o governo não pode ser complacente e precisa promover “rapidamente” mais contenção de gastos para contrabalançar a queda na arrecadação.
“A economia pode piorar se titubearmos agora”, afirmou em entrevista publicada nesta segunda-feira (28) em que falou da importância de promover mudanças na previdência rural e flexibilização das negociações trabalhistas.
Questionado sobre as declarações de Levy, Barbosa afirmou que o controle fiscal passa necessariamente pela contenção dos gastos com pessoal e previdenciários, mas não defendeu novas iniciativas além das já anunciadas.
Como exemplos de medidas de ajuste já promovidas pelo governo, ele citou, entre outras, as alterações nas regras da aposentadoria por tempo de contribuição, além da negociação com os servidores públicos em torno do reajuste salarial para os próximos dois anos.
“Nós esperamos que essas medidas de equilíbrio fiscal vão melhorar gradualmente a posição fiscal do Brasil”, afirmou.
Folha de S. Paulo