Dinheiro Voador: Ricardo diz que Cássio queria dinheiro para pagar contas de Olavinho

O governador disse em mensagem encaminhada à impressa que Cássio pedia dinheiro para pagar contas de seriam de Olavo Cruz, responsável pelo episódio do “dinheiro voador do Edifício Concorde”.

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O fogo cruzado entre o governador Ricardo Coutinho e o senador Cássio Cunha Lima vem remexendo no passado. O governador disse em mensagem encaminhada à impressa que Cássio pedia dinheiro para pagar contas de seriam de Olavinho. Olavo Cruz é apontado como responsável pelo episódio do “dinheiro voador do Edifício Concorde”. Para evitar um flagrante de Caixa 2 na reeleição de Cássio em 2006, Olavo jogou R$304 mil pela janela do seu escritório. Durante a gestão de Cássio o empresário também locava carros para o governo da Paraíba.

No texto, Ricardo Coutinho garante que jamais deu dinheiro a político algum “principalmente a vagabundo”.

Confira o texto do governador:

Passei o meu primeiro mandato inteiro com esse senador desesperado para pagar faturas que dizia ser de Olavinho. Talvez por isso, na pre-campanha, Além da vaga de Vice, da defesa de um legado de uma gestão inoperante, como foi a dele, queria algo “não republicano”, no dizer de um dos interlocutores. Como eu queria desmascara-lo, não teve nenhuma dessas coisas. Repito: a PB sabe que não dou dinheiro a político algum, principalmente a vagabundo. Tenho mais coisas a fazer. Diferentemente dele, fui eleito para trabalhar”.

Entenda o caso do ‘Dinheiro Voador’:

Durante o segundo turno das eleições para a escolha do governador da Paraíba em 2006, diversos motoboys visitaram os conjuntos habitacionais da periferia de João Pessoa e Bayeux. Eles recolhiam as contas de água, luz e telefone e devolviam tudo pago, desde que os moradores votassem em Cássio Cunha Lima (PSDB), o governador que disputava a reeleição. A aposentada Francisca Paulino de Araújo, 72 anos, é um dos vários eleitores que confirmaram em depoimento na Polícia Federal que votaram em Cássio em troca do pagamento de contas. “Eu estava precisando de dinheiro”, justificou Francisca na PF.

“Qualquer pobre tomaria a mesma atitude”, disse ela num inquérito policial que tramita sob segredo de Justiça. A troca de votos por pagamento de contas é mais um conjunto de provas que serão juntadas ao pedido de cassação, que pode enterrar de vez o futuro político do governador. No último dia 28, o Ministério Público Eleitoral pediu cassação do mandato de Cássio, mas com base em outra investigação da PF, que confirmou a distribuição ilegal de 35 mil cheques para eleitores, conforme revelou ISTOÉ em novembro.

A PF encontrou todos os recibos de contas pagas dos eleitores de Cássio em uma espécie de central do caixa 2 da campanha do governador, que funcionava no Edifício Concorde, em João Pessoa, no escritório do locador de carros e produtor de cachaça Olavo Cruz Lira. Um velho amigo de Cássio e locador dos carros para o governo da Paraíba. Durante a busca e apreensão, foram encontradas em nome da família da aposentada Francisca Paulino de Araújo as contas de água e luz já pagas, no valor total de R$ 77,32. Este foi o valor do voto em Cássio. O voto da dona-de-casa Maria do Rosário César Vieira foi vendido por R$ 38,84, pagamento de duas contas. O voto do cabo PM Eduardo Luiz de Lima em Cássio saiu mais caro: R$ 112,77. O desespero para comprar a eleição era tanto que no dia 27 de outubro a operadora de caixa da lotérica Videosorte, Marinalva de Oliveira, surpresa com o volume de contas pagas para eleitores de Cássio, perguntou ao motoboy Marcos Antônio França de Melo: “Menino, que tanta conta é esta?” Apressado para buscar novo carregamento, o motoboy ironizou: “A família era grande!”

Quando os fiscais do Tribunal Regional Eleitoral chegaram para checar a denúncia de compra de voto, o empresário Olavo Cruz jogou R$ 304 mil em dinheiro vivo pela janela do prédio, para tentar se livrar do flagrante. Outros R$ 102,8 mil foram apreendidos dentro do escritório de Olavo. Agora, os laudos da PF mostram que, junto com o dinheiro, estavam contas de água, luz e telefone quitadas de 45 eleitores de Cássio Cunha Lima. Tinha até título de eleitor. Também foi encontrada uma pistola tcheca CZ-83, calibre nove milímetros.

A PF recolheu ainda um recibo de doação de Olavo Cruz para a campanha da coligação Por Amor à Paraíba, no valor de R$ 400. Pior: o TRE encontrou no escritório de Olavo 238 recibos de abastecimento de combustível usados em favor da coligação liderada por Cássio, inclusive do carro do governador. No computador de Olavo, mais fraudes. Há uma “Relação de Veículos sem Contrato”, incluindo um Corolla para “Cássio” e o outro para “Ronaldo C. Lima Filho” (irmão do governador). A PF conclui: “Olavo Cruz, com a “ajuda” do Estado, comandava uma das células que tinha como objetivo a reeleição do atual governador.”