Anunciado o novo pacote fiscal do governo Dilma Rousseff, um assessor palaciano desabafou: ficamos no “pior dos mundos”, sem o grau de investimento das agências de classificação de risco e, agora, também sem o apoio dos movimentos sociais.
Fruto deste cenário adverso, o Planalto já foi avisado que os servidores públicos ameaçam uma greve geral contra a decisão de adiar por sete meses o reajuste do funcionalismo para economizar R$ 7 bilhões.
Ministros do PT que acompanharam as negociações do pacote afirmavam que, em três semanas, o governo migrou “da esquerda para a direita”, uma referência à primeira proposta orçamentária, apresentada pelo Executivo em 31 de agosto, que previa déficit de R$ 30,5 bilhões, mas preservava ganhos sociais.
Já o novo pacote anunciado nesta segunda (14) foi classificado como uma tentativa de recuperar apoio empresarial e a confiança do sistema financeiro, mas deve aumentar a distância que já separava o ex-presidente Lula de sua sucessora. Até uma hora antes da divulgação das medidas, Dilma não havia falado com Lula.
Se não procurou os movimentos sociais, Dilma teve o cuidado de telefonar para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e encontrou-se com o chefe do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Dentro do governo, a avaliação é que Dilma atuou de forma errática. Primeiro, fechou com Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Nelson Barbosa (Planejamento) e optou pelo Orçamento com deficit.
O país então perdeu o selo de bom pagador da Standard & Poor’s. Acuada, Dilma deu uma guinada e fechou com seu ministro da Fazenda, anunciando os cortes e aumento de receitas, sem poupar a área social.