Moro atribui a Dirceu 'profissionalismo e habitualidade do crime'

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Operação Lava-Jato, afirmou no decreto de prisão de José Dirceu que a prova do recebimento de propinas pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula), mesmo durante o julgamento do mensalão, 'reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime'. Para o juiz da Lava-Jato, a conduta de Dirceu 'recomenda, mais uma vez, sua prisão para prevenir risco à ordem pública'.

03/07/2015 Credito PAULO LOPES/FUTURA PRESS/ESTADAO CONTEUDO. SP - O Juiz Federal Sergio Moro participa do 10 Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela ABRAJI (Associacao Brasileira de Jornalismo Investigativo), no campus da Universidade Anhembi Morumbi, em Sao Paulo (SP), na manha desta sexta-feira (3).
03/07/2015 Credito PAULO LOPES/FUTURA PRESS/ESTADAO CONTEUDO. SP – O Juiz Federal Sergio Moro participa do 10 Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela ABRAJI (Associacao Brasileira de Jornalismo Investigativo), no campus da Universidade Anhembi Morumbi, em Sao Paulo (SP), na manha desta sexta-feira (3).

O magistrado chamou a atenção para o fato de o ex-ministro ter desativado sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria – pela qual recebeu pelo menos R$ 39 milhões supostamente valores de propinas – quando a Lava-Jato já fechava o cerco a ele

Agência Estado

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz todas as ações penais da Operação Lava-Jato, afirmou no decreto de prisão de José Dirceu que a prova do recebimento de propinas pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil (Governo Lula), mesmo durante o julgamento do mensalão, ‘reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime’. Para o juiz da Lava-Jato, a conduta de Dirceu ‘recomenda, mais uma vez, sua prisão para prevenir risco à ordem pública’.

Leia na íntegra o despacho que pede a prisão de José Dirceu

Dirceu foi preso na manhã desta segunda-feira, em Brasília, onde já cumpria prisão em regime domiciliar como condenado do Mensalão. Sua prisão, no âmbito do escândalo Petrobrás, foi ordenada em caráter preventivo, ou seja, agora ficará em regime fechado em Curitiba, base da Lava-Jato.

Ministro do STF diz que decidirá ainda nesta segunda-feira sobre transferência de Dirceu

Defesa de José Dirceu pede que ex-ministro permaneça em Brasília

Prisão de Dirceu não foi tratada em reunião no Planalto, diz líder do governo
Rastreamento indica depósitos de R$ 9,8 mi para empresa de Dirceu
O juiz Moro aponta para o risco de o ex-ministro dissipar patrimônio adquirido com recursos desviados de contratos da estatal petrolífera. “Tratando-se, ainda, de propinas milionárias e não tendo havido ainda a identificação completa de seu destino final, persiste o risco de que os ganhos sejam lavados ou dissipados no curso das investigações ou da ação penal, afetando as chances de sequestro e confisco.”

Para Moro, “o apelo à ordem pública, seja para prevenir novos crimes, seja em decorrência de gravidade em concreta dos crimes praticados, já bastaria à manutenção da preventiva”. No caso Petrobras, segundo o juiz, ‘há um detalhe adicional’.

José Dirceu de Oliveira e Silva foi condenado criminalmente pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal por crimes de corrupção passiva na Ação Penal 470 (Mensalão), em julgamento finalizado em 17 de dezembro de 2012. Ele foi preso em 15 de novembro de 2013. Em 28 de outubro de 2014, o STF autorizou o cumprimento do restante da pena de Dirceu em prisão domiciliar.

“As provas são no sentido de que (Dirceu) estava envolvido no esquema criminoso que vitimou a Petrobrás enquanto já respondia, como acusado, a Ação Penal 470, e que persistiu recebendo vantagem indevida durante todo a tramitação da ação penal, inclusive durante o julgamento em Plenário, o que caracteriza, em princípio, acentuada conduta de desprezo não só à lei e à coisa pública, mas igualmente à Justiça criminal e a Suprema Corte.”

Moro ressalta que enquanto os ministros do STF ‘discutiam e definiam, com todas as garantias da ampla defesa, a responsabilidade de José Dirceu pelos crimes, alguns deles, aliás, sendo alvo de severa crítica pública por associados ao ex-ministro da Casa Civil, o próprio acusado persistia recebendo vantagem indevida decorrente de outros esquemas criminosos, desta feita no âmbito de contratos da Petrobras’.