Ainda bem que ele se desculpou em nota pública, sexta última, admitindo sua descabida e imponderada exaltação no dia anterior. Mas…
Na quinta-feira (18), o deputado Toinho do Sopão perdeu o controle, as estribeiras e soltou os cachorros em cima do jornalista Tião Lucena.
Tudo porque a esposa do parlamentar teria sido chamada de ‘a dita cuja’ em comentário de Tião publicado no tablóide Já.
De tão desorientado, Toinho foi à tribuna da Assembléia para ameaçar agredir fisicamente o jornalista, além de ofender Tião moralmente.
Não sei qual o nível de letramento do deputado, mas decerto não é bastante para entender que ‘dita cuja’ não é palavrão nem foi usado com duplo sentido.
Dita cuja não é ‘aquilo’ que o Doutor Toinho possa ter pensado. Nem ‘aquela coisa’ nem ‘aquilo outro’, Deputado.
Se o senhor, antes de cometer aquelas aleivosias, tivesse procurado conselho ou dicionário, saberia que ‘dita cuja’ pode até ser termo jocoso, irônico, mas não chega a ser desrespeitoso.
Como diria o velho Houaiss, dita cuja é “ser de que já se falou, quando não se quer, não se sabe ou não se pode dizer seu nome”.
Garanto como Tião não sabia o nome da mulher do deputado, daí ter empregado ‘dita cuja’. Garanto também que Toinho do Sopão não conhece Tião Lucena. Muito menos Tião Medonho, como diria o filósofo Marcus Odilon.
Se conhecesse, não cairia na besteira de dizer, como disse da tribuna, que se encontrasse o jornalista dar-lhe-ia ‘uns petelecos’.
Daria nada, Deputado. Tião tem mais corpo, mais altura e, sobretudo, aposto como tem mais coragem pessoal que o senhor.
E que me perdoem os leitores pelo trocadilho infame, indigno de um aprendiz e admirador de Martinho Moreira Franco, o cara nessa matéria.
Mas o trocadilho foi o melhor que encontrei para dizer que Toinho não é páreo para Tião e nessa sopa de letrinhas descolar mote para rememorar outras passagens curiosas na mesma linha.
Adianto que a maioria delas mostra quão infelizes são as reações e palavras ditadas pela ignorância ou truculência, irmãs gêmeas do despreparo.
Despreparo, em situações do gênero, tem pouco ou nada a ver com escolaridade ou a falta dela.
Mesmo desconhecendo o significado de certas palavras, um detentor de mandato popular tem que ter, no mínimo, a capacidade de preferir a compreensão ao revide, de optar pelo diálogo e não pela ameaça ou carteirada.
Outros causos
Começo lembrando um colega com quem trabalhei nos anos 70. Apesar de semiletrado, era bom repórter e trazia boas matérias pro jornal em que militávamos.
O problema era corrigir e copidescar o texto do rapaz, a quem um dos nossos melhores redatores se dirigia quase sempre com algum adjetivo que, sabia de antemão, não freqüentava o vocabulário do colega.
“Companheiro, você é um grande mentecapto!”, dizia o redator, por exemplo. E o repórter, meio encabulado, agradecia:
– Quem sou eu, amigo? Bondade sua…
No outro dia… “Salve, salve, incomparável néscio!”. E o pobre do repórter: “Agradecido, colega. Sua amizade me basta”.
Toinho do Sopão me fez lembrar também aquela história do vereador que foi chamado de ‘apedeuta’ por um colega que se encontrava na tribuna e foi instado pelos aliados a ir à réplica ou, pelo menos, pedir um aparte para rebater a ofensa.
Sem entender direito o significado do vocábulo que aparentemente o ofendia, o vereador acusado requereu à Mesa uma questão de ordem:
– Presidente, para que eu possa responder ao colega que faz uso da palavra, gostaria que Vossa Excelência me explicasse se apedeuta é palavra atacativa ou agradativa.
Toinho do Sopão me fez lembrar ainda um fidelíssimo deputado cassista ao ver o então governador Cássio Cunha Lima elogiando o PIB da Paraíba em 2008.
– Quero nem saber. Se Cássio quiser trocar o PSDB por esse tal de PIB, acompanho ele na hora.
Paz e vida no trânsito
MovPaz e OAB-PB estão promovendo e convidando todos e todas para a Caminhada Paz no Trânsito da Paraíba. Às quatro da tarde deste domingo, na Capital.
A concentração será no Posto 99 da Epitácio Pessoa. De lá a multidão seguirá a pé até o Busto de Tamandaré, na divisa das praias de Tambaú e Cabo Branco.
Nesse local, imagino que haverá um ato público em memória dos mortos no trânsito e em apelo para que mais gente não morra em acidentes tão sinistros quanto evitáveis.
Evitáveis porque a maioria das vidas perdidas em tragédias automobilísticas é resultado da mistura de bebida ou drogas com direção perigosa, imprudente, irresponsável, assassina, enfim.
“Direção e bebida só combinam com choro, tristeza e morte”, diz, muito acertada e apropriadamente a peça publicitária da campanha, criada pela agência Antares e que traz ainda o nosso inexcedível Cristovam Tadeu como garoto propaganda.
O cartaz-convite para a Caminhada deste dia 21 exorta ainda a população a dar um basta na barbárie sobre quatro rodas em respeito à vida.
Vamos lá, gente. Contribuir com essa campanha é, primeiro que tudo, tomar consciência. Segundo, mas não menos importante, vale a pena participar.
De preferência, usando roupa branca, como sugerem os organizadores da campanha, entre eles o nosso Nobel da Paz, Almir Laureano, o homem do MovPaz, e o incansável Odon Bezerra, presidente da OAB-PB.