Terrorismo no HT - Rubens Nóbrega

Cada vez me convenço mais que fiz bem ao tirar carteirinha de sócio no fã clube do procurador Eduardo Varandas, do Ministério Público do Trabalho na Paraíba.
Ontem, por exemplo, vibrei ao ouvi-lo no rádio falando da nebulosa terceirização do Hospital de Trauma da Capital a uma duvidosa franquia da Cruz Vermelha Brasileira.

O Doutor Varandas referiu-se particularmente à situação das pessoas que lá trabalham ou foram demitidas. Ele deve ter elementos consistentes para se manifestar e agir contra as demissões de empregados do HT e o contrato que terceirizou o hospital.

Ainda mais porque as substituições em curso configuram indisfarçável meio de burla da obrigação do atual governo de promover concurso público e prover força de trabalho qualificada em atividade fim – e intransferível – do Estado.

Além dos mistérios que cercam a contratação desse pessoal que veio da Baixada Fluminense (e, curiosa e contraditoriamente, apresenta-se formalmente como da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul), o HT vive hoje sob permanente tensão.

Tem sido assim desde que a tal ‘gestão pactuada’ começou. Por i-meio, telefone e contatos pessoais não param de chegar notícias ruins sobre o que estaria acontecendo no Hospital.
Ontem mesmo um amigo me falou de câmeras colocadas em praticamente todas as dependências do HT. Não para dar mais segurança aos trabalhadores do HT. Os equipamentos estariam sendo usados para vigiar, pressionar, atemorizar, aterrorizar, enfim.

“Um médico não pode sequer utilizar o repouso, que existe em todo hospital e é fundamental para ele descansar um pouco entre um procedimento e outro, antes de enfrentar uma cirurgia mais complexa, por exemplo”, contou.

Segundo o meu amigo, se as câmeras captarem algum médico momentaneamente inativo, em segundos chega junto alguém da CV para exigir que ele atenda algum paciente ou faça qualquer outra coisa sem urgência alguma.

“É só pra mostrar que eles acompanham tudo e, se o profissional não atende no ato, é capaz de ser dispensado sob o pretexto de que não se encaixa no perfil traçado pela Cruz Vermelha. É puro terrorismo”, completou.

Nessa escala de pressão, ameaças, assédios e dispensas de funcionários do HT, passaram-me no início da semana que mais 60 técnicos de enfermagem de lá estariam para ser demitidos.

Médicos têm salário reduzido
Já na semana passada foi a vez do amigo e colaborador Jota Jota voltar a freqüentar a minha caixa postal eletrônica para denunciar o que segue após os asteriscos.
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Rubens, médicos contratados após processos seletivos realizados nas administrações de Cássio Cunha Lima para o Hospital de Trauma tiveram seus contratos encerrados, sem nenhuma comunicação oficial do Estado da Paraíba.

Foram informados verbalmente pelo setor de RH que a partir de julho seriam contratados pela Cruz Vermelha. Não receberam até hoje nenhuma comunicação sobre o nível salarial ou condições contratuais.

Para surpresa e indignação geral, salários pagos hoje são diferentes daqueles dos contratos anteriores. Alguns mostraram reduções substanciais. A situação é critica, com descontentamento geral e efeitos negativos no desempenho dos profissionais.

O fato de que a CV já acumulou dividas trabalhistas em vários estados e não tem condições de pagá-las, agrava o clima de insegurança e viola os direitos trabalhistas mais elementares.

A CV aparenta ter a intenção de administrar o Hospital de Trauma como uma postura que antecede o tempo do Estado Novo e as regras de OIT (Organização Internacional do Trabalho).
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Por essa e outras, aflora-me a inquietação de ver que de Ministério Público até aqui a única voz que se levantou contra o que ocorreu e está ocorrendo no HT foi a do Doutor Eduardo Varandas.
E os outros MPs – Estadual (MPPB), dos Tribunais de Contas do Estado (TCE) e da União (TCU), além do Federal (MPF)? Não podem, não querem ou não vão fazer nada?

‘Roseanização’ da saúde estadual
Segundo o Doutor Kenko Arimasen, quem manda na Saúde do Estado é mesmo a Doutora Roseane Meira, secretária de Saúde do município de João Pessoa. E pode mandar mais ainda se for eleita, neste sábado ou na próxima segunda-feira, presidente do Conselho das Secretarias Municipais do Estado da Paraíba (Coseme).

Sobre o assunto, vejam após os asteriscos o que me mandou o Doutor Kenko, so título de ‘Mais roseanização da saúde estadual’.

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Secretários de saúde municipais estão mobilizados para evitar a eleição da bioquímica Roseane Meira como presidente do Conselho das Secretarias Municipais do Estado da Paraíba (Coseme).

O Conselho indica seis membros representando os municípios para a CIB (Comissão Intergestores Bipartite), responsável por qualquer pactuação e alocação de recursos no setor da saúde.

Entre as preocupações externadas pelos secretários está a recente implantação do projeto de Cruz Vermelha no Hospital de Trauma, que, segundo seus membros, nunca foi discutida na CIB.

Temem que Roseane Meira tenha planos de forçar a adoção de um estilo de gestão autoritário que usa como modelo imposto por ela em João Pessoa e como gestora de fato da Secretaria de Saúde do Estado.

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Pelo que soube, a Doutora Roseane terá concorrente nas eleições do Coseme, apesar de ter tentado e quase conseguido costurar uma chapa única. Com ela na cabeça, claro. Seu provável adversário deverá ser o Doutor Ricardo Pereira, secretário de Saúde de Princesa Isabel.