São João de CG: fogueira de picuinhas
Por Heron \Cid
Que o São João de Campina Grande é a festa que rende maior projeção à Paraíba no cenário nacional e internacional, ninguém discute. Que o evento não tem concorrente quanto à simbologia de referência de nossa identidade cultural, ninguém sequer ousa levantar argumento em contrário.
Toda essa pujança, infelizmente, não consegue sensibilizar sucessivos governos sobre sua importância e dimensão enquanto representação máxima da auto-estima de um povo. Historicamente, por mais contraditório que pareça, um evento cuja principal característica é de juntar pessoas emperra em disputas miúdas e paroquiais.
Pra não ir muito longe, quando o governador era José Maranhão, em sua primeira etapa no Palácio da Redenção, o então prefeito campinense Cássio Cunha Lima reclamava a ausência de apoio efetivo da gestão estadual ao fortalecimento da nossa maior festa de massa.
O tempo passa, Maranhão sai e Cássio vira governador. A mesma queixa passa a ser verbalizada pelo prefeito da época, Veneziano Vital do Rêgo. Ele acusava a administração tucana de penalizar a festa só porque um adversário político estava temporariamente à sua frente.
A roda gigante da política paraibana girou. Hoje, o prefeito Romero Rodrigues também não pode contar com um centavo de ajuda institucional do Estado. Quando aliado do governador Ricardo Coutinho, as ajudas já eram módicas. Na oposição, tem que enfrentar o discurso sacado pelo governo da escassez de recursos.
Todos os episódios atestam a imaturidade e mediocridade marcante no exercício político-administrativo paraibano, em várias fases de nossa história recente e com protagonistas diferentes. Um evento dessa envergadura, que deu ontem sua largada de 31 dias, merece estar acima dos amuos e diferenças partidárias. O brilho do São João de Campina Grande tem que ser maior do que a fogueira das birras circunstanciais.