O governador Ricardo Coutinho, entregou, nessa segunda-feira (25), o posto de coleta de leite materno do Hospital Geral de Mamanguape (HGM). A expectativa é captar doadoras e coletar, em média, 40 litros de leite, por mês. Com o equipamento, a Paraíba passa a ter a maior rede de coleta do Nordeste, com 20 postos e seis bancos de leite, distribuídos por todo estado.
Durante a solenidade, o governador destacou o fortalecimento da rede. “Só estamos atrás de São Paulo e Minas Gerais. Estamos com 20 postos e seis núcleos e em quatro anos aumentamos em 50% o número de doadoras, dobrando o número de crianças atendidas. Esse posto, além de atender às crianças de todo o Vale do Mamanguape também é direcionado a população indígena”, comentou.
“Estamos aqui tratando de saúde, e consequentemente da redução da mortalidade infantil. Nossa meta é gerar qualidade de vida, e o leite materno tem esse poder e capacidade de fazer acontecer”, completou Ricardo.
Ele ainda ressaltou que o Hospital Geral de Mamanguape foi o primeiro hospital da Paraíba que foi iniciado e concluído em uma única gestão. “Eu mesmo tive a oportunidade de abrir nove hospitais e alguns deles vinham sendo construídos há 14 ou 13 anos, e tivemos que colocar recursos para que eles fossem concluídos. Esse hospital é uma referência porque tem UTI, maternidade e porque vai poder descentralizar outras complexidades para atender mais a população do Vale do Mamanguape e fazer com os moradores daqui não precisem ir a João Pessoa para serem atendidos”, defendeu o governador.
A secretária de Estado da Saúde, Roberta Abath, também enfatizou a importância do serviço. “O Hospital de Mamanguape hoje entrou para a história da Paraíba. Estaremos lembrando desta data no futuro. O posto vem significar, para os que lutam pela vida, a redução da mortalidade infantil, além do resgate histórico para a população indígena, que hoje apresenta um alto índice de obesidade”, avaliou Roberta Abath.
Para a diretora do HGM, Isis Unfer, a centralização do serviço na unidade de saúde vai mudar a vida de mulheres, que não conseguem produzir o leite necessário para os seus filhos. “A captação e a distribuição do leite vão salvar muitas vidas. O objetivo de nosso trabalho, bem como a priorização da distribuição do leite, será para a comunidade indígena do Vale do Mamanguape”, informou Isis.
Segundo a diretora do Banco de Leite Humano Anita Cabral, Thaíse Ribeiro, o posto vem fortalecer a rede e vai garantir mais leite para os bebês prematuros. “Nossa missão será apoiar as mães para amamentar seus filhos, pois o leite garante uma melhor qualidade de vida não apenas na fase infantil, mas também adulta, reduzindo a mortalidade infantil”, avaliou Thaíse.
Carteiras – Durante o evento, houve o lançamento da carteira de identificação das doadoras. O documento possibilita a identificação da doadora para que, de forma mais simplificada, goze dos direitos previstos em lei, tanto em âmbito estadual, quanto nos municípios que já qualificam a condição de vida dessa mulher como doadora de leite, certificando sua condição com dados e registros informados pelo banco de leite ou posto de coleta, em que esta está vinculada.
Como representante das mães do Vale do Mamanguape, Daniele Chaves, que é doadora de leite humano há um ano, recebeu a carteira de identificação. “Estou muito orgulhosa por ser uma doadora e de fazer parte deste momento”, disse Daniele.
Já Kyara Silva, de 28 anos, que já doou 105 litros de leite para o Banco Anita Cabral, disse que a sensação de poder doar é única e indescritível. “As pessoas me perguntam: O que você ganha doando? Respondo: O ganho é algo inexplicável, multiplicando amor, ajudando a outras pessoas”, disse Kyara, que está grávida do segundo filho e garante que vai continuar doando, quando o bebê nascer.
O cacique Sandro, das 32 aldeias existentes nas cidades de Baia da Traição, Marcação e Rio Tinto, também participou da inauguração e falou sobre a importância da amamentação. “Minha filha, Maria Caroane, está com 1 ano e 7 meses e mamou. Minha esposa foi doadora. Então considero o leite materno importante para a criança. É uma alimentação saudável. Com o leite materno, a criança fica protegida e tem menos riscos de adoecer”, finalizou.
Estrutura – O posto de coleta é composto por uma sala de coleta climatizada e com musicoterapia, onde as mães são atendidas por uma equipe de enfermagem; ambiente de porcionamento com dois freezers, onde o leite é acondicionado e manipulado. O serviço conta ainda com equipamentos de Banho Maria para sorologia, onde será descongelado o leite para administração; Bico de Bunsen, que ligado a uma instalação de gás serve para esterilizar o campo de manipulação do leite, evitando a contaminação do ar; além de oito termômetros para manutenção da temperatura do leite e também ambiente externo.
A meta do posto do HGM é prestar serviço humanizado em promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno a mais de 100 mil pessoas dos 12 municípios do Vale do Mamanguape (Mamanguape, Baía da Traição, Jacaraú, Marcação, Rio Tinto, Itapororoca, Duas Estradas, Pedro Régis, Cuité de Mamanguape, Mataraca, Curral de Cima e Capim).
Uma equipe multiprofissional, com enfermeira, técnicas de enfermagem, nutricionista, pediatra e fisioterapeuta vai prestar os cuidados às mães assistidas pelo HGM, durante o parto e pós-parto e também para as mães de toda a região que estão na fase de lactação e que precisam de apoio no momento da amamentação ou que desejam ser doadoras.
Rota Domiciliar – O posto de coleta de Mamanguape disponibiliza o serviço de rota domiciliar, responsável por comparecer à casa das mães; dar orientações; entregar o material para a coleta (luvas, gorro, máscara e vidros estéreis), e ainda, semanalmente, coletar a doação. Para ter acesso ao serviço, basta ligar para o posto, no telefone 3292-9071.
Aumento de coleta – Entre os fatores que contribuíram para que a Paraíba conquistasse a maior rede de coleta de leite materno do Nordeste está o aumento da captação. Em 2010, foram coletados 4,7 mil litros e, em 2014, aumentou para 7 mil litros, além do número de crianças beneficiadas que aumentou de 5 mil para 11 mil. Ainda teve um acréscimo na quantidade de doadoras, de 4,5 mil para 6,5 mil.
Com todo esse investimento, a Paraíba conseguiu reduzir a mortalidade infantil em 80,44%, segundo dados do IBGE divulgados em 2013, cumprindo, assim, o quarto dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU).
SECOM-PB