Numa reunião tensa que terminou entrando a madrugada, 25 integrantes das bancadas do PTB na Câmara e Senado rejeitaram a fusão com o Democratas. Num documento que será divulgado pelo líder da bancada do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO) vai comunicar que o partido decidiu consultar melhor as bases até setembro, para dirimir alguns problemas como a situação nacional da nova sigla em relação ao governo e alianças estaduais. Na reunião que começou à tarde e terminou perto da meia noite, a maioria do partido defendeu a permanência no governo e a manutenção dos cargos que ocupa. Na reunião do DEM, a Executiva deu carta branca para continuar a negociação para a fusão já.
— Vamos consultar as bases do partido e a questão ficou adiada para setembro. Continuamos no governo — disse o deputado Nélson Marquezelli (PTB-SP).
Segundo os presentes, o senador Fernando Collor (PTB-AL) e outros parlamentares mais governistas reagiram duramente contra a fusão, já que isso levaria a uma posição mais independente depois da junção com líderes incendiários, como Ronaldo Caiado (GO) e Mendonça Filho (PE). Um dos pontos da discórdia foi a nova nomenclatura. O Democratas queria manter o seu número 25 e o PTB 14: a briga ficou entre PTB25 ou PTB14
— Nós propusemos PTB14 e o Democratas reagiu e aprovou o PTB25. Então decidimos que vamos dar um prazo para continuar conversando — explicou o vice-presidente do PTB, Benito Gama (BA).
Isolado no Democratas e ainda sem saber como se acomodar dentro da nova configuração partidária, o senador Ronaldo Caiado conversou logo cedo com Jovair Arantes, que também trabalha contra a fusão dentro do PTB.
— Olha o vexame! O Democratas se oferece para casar e o noivo diz: não, agora eu não quero!A que ponto chegamos. O PTB teve que dar lição de coerência no Democratas. Eles sempre foram governo e não traíram sua ideologia. Já o nosso partido abalou a confiança que a população nos deu para ser oposição. A nossa Executiva deve estar extremamente constrangida com essa situação, de oferecer o partido a quem não nos quer. Eu já disse que essa fusão começou errada e vai terminar errada —comemorou Caiado.
O Globo