EM TORNO DE UM PERIGO REAL E IMAGINÁRIO: "Do jeito que as coisas vão, o rompimento não passa da semana que vem" = Por Carlos Chagas

O confronto virou conflito. No caso, entre o governo e o PMDB. Melhor dizendo, entre a presidente Dilma e os presidentes Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Do jeito que as coisas vão, o rompimento não passa da semana que vem. Em vez de servir de base parlamentar, o partido transformou-se em adversário. É real e imediato o perigo de o palácio do Planalto ficar desamparado, sob a evidência de que o Congresso readquiriu sua independência.

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Carlos Chagas

O confronto virou conflito. No caso, entre o governo e o PMDB. Melhor dizendo, entre a presidente Dilma e os presidentes Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Do jeito que as coisas vão, o rompimento não passa da semana que vem. Em vez de servir de base parlamentar, o partido transformou-se em adversário. É real e imediato o perigo de o palácio do Planalto ficar desamparado, sob a evidência de que o Congresso readquiriu sua independência.

De um lado, erros e contradições de Dilma. De outro, ressentimentos e ambições de Cunha e de Renan.

O problema é saber as consequências da beligerância para o país. A sombra do impeachment pode adensar-se, assim como a abertura de inquéritos no Supremo Tribunal Federal contra os presidentes da Câmara e do Senado será capaz de transformá-los em réus. Nesse meio tempo, o palco para a batalha maior será montado em torno da reforma política. A tendência no PMDB é aprovar o maior número de mudanças institucionais em condições de atingir o governo e o PT. Uma preliminar desse entrevero estará na votação das medidas de ajuste econômico.

Disse uma vez o então presidente da Câmara: “o que o povo quer esta casa acaba querendo”. É nítida, nas ruas, a rejeição do aumento de impostos, a elevação dos preços e tarifas dos combustíveis, dos serviços de água e luz, além da supressão de direitos trabalhistas. O governo perdeu a classe média e vem sendo abandonado pelo proletariado e pelos empresários. O Congresso atinge níveis de rejeição superiores aos do Executivo. Não demora e assistiremos a repetição, como farsa, da solução adotada em 1945 quando do fim da ditadura do Estado Novo: “todo o poder ao Judiciário”. As forças armadas não vão intervir, os sindicatos não podem, enfraquecidos pela administração do PT. A Igreja Católica saltou de banda, as demais igrejas manifestam desinteresse pelas coisas terrenas e as elites cuidam de sobreviver. Também real e imediato é o perigo da desintegração nacional.