A crise econômica e política foi manchete do Financial Times no último domingo, dia 22. Em editorial, o jornal inglês afirma que tal situação foi causada pelo próprio País e a tendência é que piore antes de começar a melhorar.
O jornal lembra a manifestação do último dia 15, que levou cerca de 2 milhões de pessoas às ruas, citando algumas razões para o descontentamento com o governo, como o escândalo de corrupção da Petrobras, o racionamento de água, o PIB preocupante e os índices de desaprovação de Dilma Rousseff. “Parece que foi ontem que o País era festejado como uma promessa. Agora, sua queda em desgraça tem sido especulada. Infelizmente, a situação está susceptível para uma piora ainda maior.”
Diferente de Dilma, que atribui o mau desempenho da economia brasileira à crise internacional, o FT afirma que “grande parte da culpa recai sobre o próprio Brasil”, uma vez que os benefícios, como o superciclo das commodities e a expansão do crédito na economia doméstica, que deram um boom na economia brasileira nos últimos anos, foram aproveitados sem disciplina. “Agora, o processo está acontecendo em marcha à ré.”
O jornal lembra que outros países sul-americanos, como Chile, Colômbia e Peru, também se beneficiaram de commodities e avanço do crédito, mas sem os momentos de ressaca. “Suas economias ainda estão crescendo rápido.”
O texto também cita o colapso do real, que perdeu quase um terço do valor comparado ao dólar em seis meses, o que acaba influenciando na inflação e nas taxas de juros. “As taxas de juros [Selic] tiveram que subir para compensar o ‘risco-país’ e atrair investidores estrangeiros”.
Os juros altos, no entanto, impactam o brasileiro endividado, que somado ao plano de austeridade apresentado pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, tornou a situação ainda mais preocupante. “A moeda é susceptível a enfraquecer ainda mais.”
Luz no fim do túnel?
Apesar do pessimismo sobre os rumos da economia, o País ainda não está fadado ao fracasso e mostra sinais de que reage contra a corrupção. O jornal cita a condenação de grandes nomes da políticas ligados ao mensalão, as investigações de corrupção na Petrobras e o caso Eike Batista, acusado de insider trading. “Isso era impensável anos atrás, quando a impunidade reinava.”