O deputado federal Jean Wyllys (PSOL/RJ) divulgou em seu site oficial uma nota de solidariedade à família de Marx Nunes Xavier, jovem de 25 anos que foi assassinado na madrugada desta segunda-feira (8) na Praia do Jacaré ao tentar conter uma discussão na frente de um bar, quando dois homens agrediam verbalmente um rapaz homossexual que dançava com suas amigas.
Na nota, o deputado enfatiza que, o crime da Paraíba, sendo somado ao caso de um homem de 42 anos que teve mais de metade da orelha decepada por ser confundido com um casal gay quando estava com o seu filho, reforça a necessidade da aprovação do Projeto de Lei Complementar 122/2006, que criminaliza a prática homofóbica.
Em entrevista exclusiva à reportagem da TV Cabo Branco, Jean Wyllys lamentou o caso. “Quero que o povo brasileiro entenda que essas pessoas também têm família e vêm de famílias, têm pai e mãe, irmãos que os amam e que, portanto, merecem, por serem família, merece também ser protegidos pelo Estado”, disse.
O deputado também se manifestou via Twitter. “Se todo cidadão está sujeito aos crimes contra a propriedade – latrocínio, assalto e seqüestro – LGBTs estão sujeitos ainda ao crime de ódio”, publicou no microblog.
O corpo de Marx foi liberado na tarde desta segunda e já está sendo velado na Morada da Paz, em Jaguaribe. Houve demora na liberação devido a um problema na documentação. O funeral deve acontecer no cemitério do Cristo Redentor, na manhã da terça-feira.
O delegado responsável pelo caso, Erilberto Antônio, da 7ª Delegacia Distrital, declarou que três testemunhas do caso já identificaram um dos suspeitos. “Esse suspeito parece ser uma pessoa notória aqui de João Pessoa. As testemunhas são coerentes em seus depoimentos”, disse o delegado, mas não revelou o nome do acusado.
Leia a nota do deputado na íntegra:
“Eu, Jean Wyllys, deputado federal que defende a causa de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT), entre outras, venho através desta prestar solidariedade à família de Marx Nunes Xavier, um jovem de 24 anos, que, ao tentar evitar que dois homens agredissem um homossexual foi assassinado na Praia do Jacaré, em Cabedelo. Estendo minhas simpatias também à família do jovem a quem Xavier tentou proteger.
Esse crime que chocou a Paraíba na manhã desta segunda-feira (8) trouxe novamente e da maneira mais trágica possível, a discussão da homofobia às manchetes dos jornais. Junto com o recente caso de um homem de 42 anos que teve mais de metade da orelha decepada ao ser confundido, ele e o filho, com um casal gay, a morte desse jovem explicita a urgência e a importância da aprovação de uma lei que criminalize a homofobia e proteja a população de crimes motivados por ódio, intolerância e preconceito.
Quando essa intolerância e preconceito passam a atingir também os nossos aliados fica mais do que nunca claro de que precisamos pensar na pauta de LGBTs como uma pauta de direitos humanos e não uma exigência descabida de uma minoria. Precisamos assegurar os direitos de todos os cidadãos e cidadãs brasileiras de ir e vir.
Não se trata apenas de punir o crime em si, mas sim de atacar as circunstâncias, os discursos homofóbicos e fundamentalistas que incitam esses assassinatos brutais. Incitar o ódio faz do incitador um cúmplice. O que fanáticos e fundamentalistas religiosos mais têm feito nos últimos anos é violar a dignidade humana de homossexuais através de seus discursos de ódio.
Os números do Grupo Gay da Bahia e da Anistia Internacional que registram que um homossexual é morto a cada dois dias (das 260 mortes contabilizadas em 2010, 46% ocorreram no Nordeste) mostram a importância de se aprovar o substitutivo que está sendo construído Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT. O texto final do substitutivo, com nome tentativo de Lei Alexandre Ivo será apensado ao PLC 122 e esperamos que seja votado em outubro. O legislativo não pode mais se omitir.
A defesa da Dignidade Humana é um princípio soberano da Constituição Federal e norte de todo ordenamento jurídico Brasileiro. O limite da liberdade de expressão de quem quer que seja é a dignidade da pessoa humana do outro. Precisamos impor limite a esses abusos e assegurar a dignidade do povo brasileiro.
Jean Wyllys – Deputado federal”