Quem sabe a presidente Dilma se inspire para reconhecer as deficiências de sua administração e interrompa as tentativas de maquiá-las.

Milton Campos era governador de Minas e o governo ia mal. Falta de recursos, greves, transportes públicos em crise, enchentes paralisando rodovias. Um auxiliar entrou em seu gabinete levando exemplares dos jornais do dia, que o criticavam acerbamente. Sugeria processar os diretores e suspender a publicidade oficial. O velho professor de democracia rejeitou e sentenciou: “Esse meu governo anda tão mal que até eu tenho vontade de escrever contra ele...”

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Carlos Chagas

Milton Campos era governador de Minas e o governo ia mal. Falta de recursos, greves, transportes públicos em crise, enchentes paralisando rodovias. Um auxiliar entrou em seu gabinete levando exemplares dos jornais do dia, que o  criticavam acerbamente. Sugeria processar os diretores e suspender a publicidade oficial. O velho professor de democracia rejeitou e sentenciou:  “Esse meu governo anda tão mal que até eu  tenho vontade de escrever contra ele…”

Quem sabe a presidente Dilma se inspire para reconhecer as deficiências de sua administração e interrompa as tentativas de maquiá-las. Aliás, por falar em Milton Campos,  mais uma lição para Madame: os ferroviários estavam em greve, num dos principais entroncamentos   do estado e o comandante da Polícia Militar sugeriu enviar um trem cheio de soldados para preservar a ordem.  Sabendo que a paralisação  devia-se aos salários em atraso, o governador perguntou: “não seria melhor mandar um trem pagador?”

Vale o exemplo para a greve dos caminhoneiros. Não seria melhor cancelar o aumento do óleo diesel?

Em sua defesa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusou o governo de agir para transferir a crise “do outro lado da rua para cá”. Não é que ele tem razão?