As informações estão no acordo de delação premiada de Paulo Roberto Costa
Andre Shalders /Correio Braziliense
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o antecessor no cargo, Sérgio Cabral (PMDB), teriam recebido R$ 30 milhões de propina do esquema da Petrobras para as eleições de 2010, segundo o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. As informações estão no acordo de delação premiada de Costa. Segundo o ex-dirigente, o dinheiro para o pagamento da propina teria vindo do superfaturamento de obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Parte da propina, ainda segundo Costa, teria sido paga pelas empresas OAS, Odebrecht e UTC por meio do consórcio Compar, responsável por parte das obras da refinaria. A outra parte viria da UTC, da Alusa e da Skanska. Ainda segundo a denúncia, o operador do esquema teria sido Régis Fishner, chefe da Casa Civil do governo Cabral.
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Segundo Paulo Roberto Costa, a propina para abastecer campanhas de candidatos a governador também favoreceu os caixas de Roseana Sarney (PMDB), no Maranhão, e Tião Viana (PT), no Acre, ambos em 2010.
No caso fluminense, Costa relatou que se reuniu com Cabral, Pezão e Fishner para tratar de uma “ajuda para a campanha de reeleição”, e que saiu do encontro com a missão de procurar as empresas para pedir doações extraoficiais para a campanha. Segundo o termo de delação premiada, “cada empresa deu contribuição que totalizou R$ 30 milhões. A Compar pagou R$ 13 milhões e o resto foi dividido entre Skanka, Alusa e UTC”, diz um trecho. “O dinheiro saiu do caixa das empresas e a operacionalização foi feita por Regis Fichtner”, continua o documento. Cabral, Pezão e Fishner negam qualquer irregularidade.
Oficialmente, a chapa de Cabral e Pezão recebeu diretamente R$ 1 milhão da construtora OAS, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além de doações de outras empreiteiras investigadas na Lava-Jato. E, por meio do comitê de campanha, a dupla recebeu outros R$ 1,7 milhão das empresas Odebrecht, Alusa e UTC. No depoimento de Paulo Roberto Costa, também são citados os nomes do atual governador do Acre, Tião Vianna (PT); e do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo em agosto do ano passado.
Tanto Cabral quanto Pezão negaram as irregularidades. “É mentirosa a afirmação do delator Paulo Roberto Costa. Essa reunião jamais aconteceu. Nunca solicitei ao delator apoio financeiro à minha reeleição ao governo do estado do Rio”, disse Cabral. “Todas as eleições que disputei tiveram as prestações aprovadas pelas autoridades competentes”, completou.