PP um partido enrolado: 32 congressistas envolvidos em inquéritos no STF

Partido com o maior número de congressistas envolvidos nos inquéritos no Supremo Tribunal Federal, com 32 no total, o Partido Progressista (PP) enfrentará uma série de pressões entorno dos cargos que ocupa no Congresso e no governo. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os parlamentares da legenda devem ser investigados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

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O Partido Progressista sofrerá pressões para entregar cargos no Congresso e no governo

Daniela Garcia /Correio Braziliense

Partido com o maior número de congressistas envolvidos nos inquéritos no Supremo Tribunal Federal, com 32 no total, o Partido Progressista (PP) enfrentará uma série de pressões entorno dos cargos que ocupa no Congresso e no governo. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os parlamentares da legenda devem ser investigados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. De acordo com os inquéritos, os políticos recebiam uma mensalidade, que variava de R$ 10 mil a R$ 150 mil, com origem no pagamento de propinas de empresas a Petrobras, no esquema comandado pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Os inquéritos também apontam o uso do dinheiro ilícito para campanhas. A maioria dos suspeitos nega envolvimento com o esquema de corrupção.

A legenda afirmou, por meio de nota, que: “o Partido Progressista não compactua com atos ilícitos e confia na apuração da Justiça para que a verdade prevaleça nas investigações da Operação Lava-Jato”. Presidente da legenda e senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira também se pronunciou: “Essa situação é surreal. Estão listados praticamente todos os deputados que receberam doação oficial do partido em 2010. Eu espero que a situação se resolva logo e continuo tranquilo. Em nenhum momento eu titubeei. Não conheço e nunca tive relação com o sr. (Alberto) Youssef”, disse, referindo-se ao doleiro preso em Curitiba e um dos principais delatores da Operação Lava-Jato.

As petições de Janot estão fortemente lastreadas nas revelações feitas por Paulo Roberto, um dos primeiros a assinar um acordo de delação premiada. E Costa ocupou o cargo na estatal petrolífera, de 2004 a 2012, por indicação do PP de José Janene, depois por apoio de caciques do PMDB. Segundo o delator, Ciro Nogueira assumiu liderança “informal” da legenda após a morte de Janene e era ele quem determinava como seriam feitos os repasses ao PP. Paulo Roberto afirmou, por exemplo, ter repassado R$ 1 milhão, por intermédio de Youssef, para a campanha ao Senado de 2010 de Benedito de Lira. O valor teria saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobras. O senador disse ter ficado “surpreso” com a presença de seu nome na lista, que não sabe o conteúdo das denúncias e que está “tranquilo”.

Recém-eleito para a presidência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Arthur Lyra (AL) também teria recebido recursos para a campanha em 2010, segundo afirmação de Youssef. Além de ter repasses mensais entre R$ 30 mil e R$ 150 mil da “cota” do PP no esquema de corrupção que atuava dentro da Petrobras. Para o analista político Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho do Diap, a situação de Lyra é complicada para se manter no cargo. “O presidente da CCJ e líderes das bancadas serão os alvos prioritários da pressão”, avalia. O deputado não foi encontrado pelo Correio para comentar o assunto.