Dilma Rousseff convocou uma reunião para tentar esboçar uma reação do governo à conjuntura em que se misturam as crises econômica e política. Acontecerá às 9h30 desta segunda-feira (9), no Palácio do Planalto.
Participarão da conversa, entre outros, os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Joaquim Levy (Fazenda). Dessa vez, Dilma se lembrou de convidar também o vice-presidente Michel Temer. A deferência pode ter chegado tarde.
À frente de um governo precocementeenvelhecido, Dilma tenta impor sua pauta ao Congresso. Pede prioridade para a votação das medidas relacionadas ao esforço fiscal do governo. O problema é que o Legislativo opera em outra sintonia.
Correligionários de Temer, os presidentes da Câmara e do Senado —Eduardo Cunha e Renan Calheiros— empinam pautas próprias. Contra a vontade do Planalto, Cunha ajeita a votação de um projeto que torna perene a política de recomposição do salário mínimo.
Também na contramão, Renan trama a derrubada do veto da presidente da República à correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%. Já adiou a análise da matéria um par de vezes. Decidiu levantar o dique.
A cena política, que já estava envenenada, tornou-se tóxica depois da divulgação, na noite de sexta-feira, da lista de políticos que serão esquadrinhados no STF por suspeita de recebimento de propinas no escândalo da Petrobras.
Cunha e Renan esgrimem a tese segundo a qual Dilma e seus operadores petistas agiram para afastar do Planalto o escândalo de corrupção, atribuindo-o exclusivamente ao Congresso. A dupla está pintada para a guerra.
Contra esse pano de fundo conturbado, Temer não parece em condições de fazer muita coisa além de exclamar: “Eu avisei”. Assim, a semana começará sob o signo da incerteza.
Além das crises na economia e na política, Dilma enfrenta uma crise de confiança. Ele precisa demonstrar rapidamente que ainda dispõe de apoio congressual para aprovar as correções de equívocos que cometeu no primeiro mandato. O grande receio é o de que Dilma tenha se transformado numa presidente minoritária nas duas Casas do Legislativo.