Fechei a coluna de 21 de julho último com oportuno tópico dedicado ao desperdício de alimentos, graças a uma preciosa colaboração do professor e jornalista Arael Menezes.
Depois de assistir na televisão matéria sobre alimentos fora do prazo de validade sendo destruídos, Arael lembrou o quanto aqueles alimentos poderiam contribuir para minorar a fome de muitos “se fossem postos em prática alguns procedimentos, muitos dos quais dependendo apenas de vontades políticas verdadeiras”.
Na seqüência, sugeriu que instituições de alta confiabilidade poderiam se reunir e criar um grupo ou entidade capaz de colher, recolher e doar a quem mais precisa alimentos com “prazos de validade vincendos ou defeitos de embalagens que os fazem pouco atrativos nas prateleiras e balcões”.
No mesmo dia em que a contribuição do Professor Arael foi publicada, o diligente Geraldo Veras mandou dizer que o Serviço Social do Comércio (SescPB) criou desde 2002 um Banco de Alimentos em João Pessoa.
Segundo texto de divulgação institucional que o Doutor Veras me encaminhou, da capital o Banco expandiu-se para Campina Grande em agosto de 2004, chegou a Patos em fevereiro de 2008 e a Sousa no dia 10 do mês passado.
A matéria do Sesc não informa, contudo, o quê, onde, quando e quanto o Banco arrecada de alimentos e a quantas famílias ou pessoas atende. Mas contém outros dados extremamente importantes para quem quer conhecer, dar ou receber alimentos.
Vamos lá, então, alimentando a leitura com o texto do próprio Sesc.
O Banco de Alimentos do Sesc Paraíba visa ao apoio social, à solidariedade e à responsabilidade compartilhada entre os parceiros doadores e voluntários, por meio da doação de produtos sem valor comercial.
O programa mantém três formas de atuação: a colheita urbana, na qual alimentos perecíveis são coletados e distribuídos de forma imediata; o banco de alimentos, que faz a estocagem de alimentos não perecíveis; e a colheita rural, que recolhe os alimentos diretamente do campo e faz o repasse imediato.
Mensalmente, especialistas do Sesc ministram oficinas e palestras para as instituições receptoras. O objetivo é ensinar técnicas de aproveitamento integral dos alimentos e agregar valor nutricional nas preparações, além de mostrar como os mantimentos devem ser manipulados e transportados.
As instituições que desejam receber doações devem obedecer algumas exigências, tais como: possuir inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social, prestar atendimento gratuito sem distinção de credo (etnia ou religião) e não ter vínculo político partidário.
Seja você também um doador. Em João Pessoa, procure a sede do Sesc Centro, na Rua Desembargador Souto Maior, 281 (ou ligue para 3208-3152. Em Campina, o Sesc Centro funciona na Rua Giló Guedes, 650 (3342-0665). Em Patos, Rua Natália de Figueiredo, s/n, Frei Damião (3421-6070).
Sesi também faz a sua parte
Além do Sesc, o Sesi também faz a sua parte na Paraíba, mas de um jeito diferente, através do Programa Sesi Brasil, tipo volante, que desde 2004 “educa e incentiva população para a mudança de hábitos alimentares”.
Partindo de Campina, o programa roda o interior oferecendo aulas práticas de nutricionistas da própria instituição que “ensinam receitas saborosas, nutritivas e econômicas, baseadas no aproveitamento integral dos alimentos”.
Conforme texto de Syusk Santos publicado no portal do Sesi em 11 de setembro de 2008, “além dessas receitas, os alunos recebem informações sobre nutrição básica, planejamento de compras, alimentação saudável e higiene alimentar”.
“Os cursos são realizados em caminhões adaptados em cozinhas-escolas, desenvolvidas para chegar aos lugares mais distantes, possibilitando um maior acesso das comunidades”, explica.
“Desde sua implantação o programa já beneficiou 833 municípios brasileiros até o ano passado. Só na Paraíba foram realizados 15.227 atendimentos em 88 cidades do Estado”, arremata.
Sobre esse programa do SesiPB, quem quiser saber mais faz o favor de ligar para 2101-5300.
Desperdício e sopão interrompido
A matéria tão gentilmente remetida por Doutor Veras assinala que “no Brasil cerca de 26 milhões de quilos de alimentos são desperdiçados por ano”.
Diz ainda que graças a estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “na cadeia produtiva as perdas agrícolas chegam a 30% de tudo que é produzido no país”.
Quanto à Paraíba, sobre desperdício de alimentos em nosso Estado recorri ao velho Google de guerra e a coisa mais nutritiva que encontrei foi uma matéria publicada no sítio da Empasa (antiga Ceasa) em 13 de outubro de 2008.
Intitulada ‘Empasa dá exemplo de combate ao desperdício de alimentos’, o texto da Empresa Paraibana de Abastecimento distribui números da comercialização e descarte nas Ceasas da Capital, Campina e Patos.
“Nos entrepostos de comercialização em João Pessoa e Campina Grande as taxas de perdas não chegam a 3% de um volume médio de 8.500 toneladas/mês na central da capital e 13.000 toneladas em Campina Grande”, garante.
“Já no Agrocentro de Patos, terceiro menor volume de comercialização, que chega a uma média de 3.000 toneladas de hortifruti comercializadas por mês, o índice de desperdício chega a atingir apenas 5%”, informa.
Mais do que saber o quanto comercializa e pode jogar no mato, desde o Paulino I (e único), passando pelos Cássio I e II, a Empasa ainda manteria o ‘Programa da Sopa’, que vem a ser o tradicional Sopão.
Digo manteria porque, colhi anteontem, o atual governo parou a distribuição da sopa, um trabalho que começou em agosto de 2002 para forrar o estômago de catadores e familiares que freqüentam a Empasa para pegar sobras de verduras e legumes.
Com ajuda e doação dos comerciantes que trabalham na Empasa, o Programa da Sopa atende (ou atendia) a cerca de 2 mil pessoas na Capital e outro tanto parecido em Campina Grande.