CAMPEÃO EM ASSASSINATO: Brasil é o país que mais mata no mundo e registra 130 homicídios por dia

Dado está no relatório da Anistia Internacional, que analisou a violência em 160 países. Mais de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no país. Segundo documento, Brasil passa por um agravamento da crise da segurança pública.

Chega de violência

Dado está no relatório da Anistia Internacional, que analisou a violência em 160 países. Mais de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no país. Segundo documento, Brasil passa por um agravamento da crise da segurança pública.

Mais de 50 mil pessoas são assassinadas por ano no Brasil. São pelo menos 130 homicídios por dia, o que faz do país o que mais mata no mundo em números absolutos. Os dados constam do relatório divulgado na noite desta terça-feira pela Anistia Internacional sobre a violência em 160 países. O documento aponta ainda que mais de 90% das vítimas são homens jovens e negros e entre os principais fatores para a construção desse quadro estão a pobreza, o racismo e o modelo militarizado de polícia. A sensação de impunidade também é um incentivador, já que 85% dos homicídios não são solucionados no Brasil. A Anistia Internacional destaca ainda que, apesar dos avanços econômicos, em 2014, houve um agravamento da crise da segurança pública no país, como frisa o assessor de Direitos Humanos da organização no Brasil, Maurício Santoro.

‘Um país que tem tantos assassinatos, claramente, tem um problema muito grave. Mesmo que a situação não piore ao longo dos anos, já é uma tragédia do ponto de vista humanitário.’

Além do alto índice de homicídios, o relatório cita como os principais fatores para a crise no Brasil a violência policial, registros de tortura e a falência do sistema prisional. A Anistia lembrou, por exemplo, os casos de Claudia Silva Ferreira, baleada por policiais em uma favela da Zona Norte do Rio e, depois, arrastada por uma viatura; das vítimas dos confrontos em manifestações que antecederam a Copa do Mundo; do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, torturado e assassinado por policiais do Rio; e dos cerca de 80 detentos mortos na penitenciária de Pedrinhas, no Maranhão, em 2013 e 2014. Segundo o relatório, o Brasil tem uma das maiores populações carcerárias do mundo e em situação precária. Sete em cada 10 presos voltam a praticar crimes. Para o sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o atual cenário é resultado do descaso das autoridades. Ele citou políticas públicas que precisam ser adotadas.

‘Como as mortes afetam, sobretudo, a parcela mais desvalorizada da sociedade, não foram devidamente combatidas. Hoje, mais de 90% dos homicídios não resultam em punição.’

O documento da Anistia Internacional lembrou ainda dos casos de homofobia e da violência no campo, apontando a necessidade da demarcação de terras e da presença do Estado para reduzir os conflitos, como os ocorridos nos últimos anos no Mato Grosso do Sul e no Maranhão. Nesse último, cinco pessoas foram mortas em disputas de terra entre janeiro e outubro de 2014. Além disso, o relatório destaca a importância da Comissão da Verdade, que investigou casos de tortura durante a Ditadura Militar.
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