Cerca de 50 pessoas estão reunidas em frente ao prédio onde mora José Eduardo Cardozo, na capital paulista, em um ato contra o ministro da Justiça. O movimento foi organizado pela internet pelo grupo “Vem pra Rua”, que faz oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Usando máscaras com a cara da presidente, os manifestantes estão fazendo um enterro simbólico da Constituição brasileira. “Ainda não defendemos o impeachment da presidente Dilma, embora o fato de ela ter feito empréstimos para Cuba já se configure como crime de responsabilidade”, afirmou o advogado Mauro Scheer, de 34 anos, que lidera o ato.
Além do enterro simbólico, o grupo faz, no fim da tarde desta Quarta-feira de Cinzas, um panelaço e distribui apitos para as pessoas que passam pela rua. Eles distribuem também um panfleto com a foto de Cardozo e o carimbo de “procurado”. Aos gritos de “Fora Cardozo” e de “canalha”, o grupo pede a demissão do ministro e o acusa de tentar impedir novos acordos de delação premiada na operação Lava Jato, que investiga desvios na Petrobrás.
“Fiz uma nota publica de repúdio na OAB federal, que se solidarizou com o ministro. O problema não é ele se encontrar com os advogados, mas ter prometido uma solução miraculosa aos envolvidos na Lava Jato”, diz Scheer.
O ministro recebeu mensagens de solidariedade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A entidade alega que o diálogo de Cardozo com os advogados das empreiteiras é uma prerrogativa constitucional e que “não é admissível criminalizar o exercício da profissão”. Segundo reportagem da revista Veja, o ministro teria recebido o advogado da empreiteira UTC, Sérgio Renault, para evitar a cooperação com o Ministério Público Federal na investigação.
Alvo do protesto, o ministro da Justiça não está em sua residência na capital. Cardozo está em Brasília. Seu pai, de 83 anos, a mãe, de 81, e uma tia de 76, que também mora no imóvel, saíram do local na noite desta terça.
Estadão