Após vistoria em presídio de Recife, polícia encontra 170 armas e 300 litros de cachaça

A crise no sistema penitenciário de Pernambuco se agravou no fim do ano passado

presídio

Os 13 pavilhões do Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), integrante do Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife, passaram por uma revista durante a manhã e a tarde desta segunda-feira (02). No último final de semana, rebeliões deixaram dois mortos e 12 feridos no presídio. Participaram da ação agentes penitenciários, Grupo de Operações de Segurança (GOS), da Seres, policiais militares do Batalhão de Choque, bem como a Companhia Independente de Operações Especiais (CIOE) e a Companhia Independente de Policiamento com Cães (CIP Cães).

De acordo com o balanço divulgado após o final das vistorias, foram apreendidos 35 facões industrializados, 17 foices artesanais, 5 foices industrializadas, 22 facões artesanais, 55 facas industrializadas, 28 facas artesanais, 8 chunços, 47 carregadores, 44 celulares, 10 baterias, 10 chips, 340 litros de cachaça artesanal, 3 litros de uísque, 7 pen drive, 4 balanças de precisão, 30 fones de ouvido, 120 comprimidos psicotrópicos, 120 gramas de crack, 60 gramas de pó virado, 60 g de ácido bórico e 2,26 kg de maconha. O material foi levado pela polícia e será submetido a perícia.

No sábado (31), uma rebelião terminou com a morte de um detento. O motivo do tumulto foi a demora da entrada dos familiares dos presos para a visita deste sábado. A princípio, os visitantes tinham sido informados de que a entrada iniciaria às 7h, como anunciado pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, mas os agentes penitenciários só começaram a liberar a entrada às 8h30, como determina o regimento interno de operação padrão. Com a aglomeração formada para o início das visitas, os familiares se revoltaram, o que resultou em uma reação adversa dos presos.

A situação voltou a complicar no domingo (1º). A confusão teve início no final da tarde após uma manhã tranquila de visitas de familiares. Na rebelião, nove detentos ficaram feridos e alguns foram encaminhados para o Hospital Otávio de Freitas, de onde já receberam alta.

CRISE

A crise no sistema penitenciário de Pernambuco se agravou no fim do ano passado, quando uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e foi descoberto um túnel que serviria para a fuga dos detentos. Já nos primeiros dias de janeiro, o então secretário de Ressocialização, Humberto Inojosa, renunciou após quatro meses e uma semana no cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM, Eden Vespaziano. Na ocasião da posse, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou um pacote de medidas para melhorar a situação dos presídios de Pernambuco. A maior promessa foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais.

A tensão ocasionada pelas rebelião no Complexo do Curado, que deixou cinco mortos – dentre os quais um sargento da PM – e mais de 80 feridos, levou o governo do Estado a decretar estado de emergência no sistema penitenciário. O governador Paulo Câmara assinou, na quarta-feira, decreto com medidas que incluem a intervenção no Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga, que está com obras paradas e deve desafogar as penitenciárias do Grande Recife. O estado de emergência tem prazo de 180 dias, período em que atuará a Força Tarefa.

O decreto cria uma força-tarefa que envolve nove secretarias: Justiça e Direitos Humanos, Casa Civil, Fazenda, Planejamento e Gestão, Desenvolvimento Social, Controladoria Geral, Administração, Gabinete de Projetos Estratégicos e Procuradoria Geral do Estado.

O sistema prisional do Estado é  proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Existem hoje cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil.

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