Temor com consequências da disputa interna e falta de tradição no Brasil explicam indefinições sobre tema no PT e PSDB
A pouco mais de um ano das eleições municipais, PT e PSDB estão em polos distintos, e com papéis inversos, ao criticarem ou defenderem as prévias para a escolha do candidato.
O uso das prévias para definir o nome que representará determinada legenda numa disputa pode causar rachas internos e levar à derrota na eleição. Na avaliação de especialistas, embora seja um instrumento “saudável” de mobilização, a campanha intrapartidária é arriscada, principalmente para as siglas que estão no poder.
Instrumento tradicional na história do PT, as prévias têm sido criticadas pela cúpula do partido que quer engavetá-las.
O PSDB, que nunca abriu esse tipo de consulta para os filiados, passou a defender as prévias como o mecanismo legítimo de escolha de seu candidato.
“É uma questão muito mais conjuntural do que programática. Quando há um candidato muito forte, a prévia é vista como algo que pode pôr em risco uma vitória quase certa. Quando não tem uma liderança muito clara, a tendência é que se opte pela prévia”, afirma o cientista político e diretor do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação Cepac), Rubens Figueiredo.
O cientista político David Fleischer conta uma experiência que teve em Honduras, na eleição presidencial de 1989. “Uns deputados falaram para a gente: ‘Professor, perdemos a eleição por causa de vocês, americanos’. Os consultores aconselharam a fazer prévia. Havia quatro candidatos. Ficou tão dividido que perderam a eleição. O outro partido não fez e ganhou”, explica. “É um risco, porém a vantagem da prévia é uma pré-mobilização eleitoral. Isso divulga o partido e mobiliza filiados.”