PT será muleta de novo? - Rubens Nóbrega

Pela primeira vez nos últimos 20 anos, desde a surpreendente passagem do então deputado estadual Chico Lopes para o segundo turno das eleições municipais de 1992, começo a acreditar que o PT da Paraíba volta a ter chances reais de se qualificar competitivamente no páreo sucessório da Prefeitura da Capital.

Na cotação do dia da bolsa de valores petista, a pré-candidatura mais valorizada é a do também deputado estadual Luciano Cartaxo, que vem se apresentando e se comportando como aguerrido pretendente da cadeira atualmente ocupada por seu xará, o prefeito Luciano Agra, do PSB de Ricardo Coutinho.

As ações do Cartaxo estão em alta porque ele tem mostrado consciência de que para ser candidato à Prefeitura da Capital não pode de forma alguma personificar o epíteto do seu clube de coração. Afinal, se já é difícil dar um rumo ao PT da Paraíba somando várias tendências e formando maioria intestina, como ‘Estrela Solitária’, então, ninguém vai pra canto algum.

Daí por que El Loco Cartaxo, como o chama outro botafoguense doente feito ele, vem trabalhando muito mais internamente o seu projeto. Não pode ainda fazer tão aberta e ostensivamente a campanha de rua, como vem fazendo o seu homônimo, Luciano Agra, com máquina bem azeitada e funcionando a pleno vapor.

A propósito…

Eis uma das maiores vantagens de quem está no governo com direito a tentar reeleição: além de poder divulgar em larga escala o seu nome (gastando rios de dinheiro do contribuinte com publicidade e mídia cativa), patrocina e promove eventos que quase sempre podem colocá-lo bem na fita e em contato direto com o povo.

Nesse embalo, vale de inauguração daquela mão de tinta no colégio xis à apresentação daquele projeto ípsilon. E o cara ou a cara, na maior cara lisa, nas trabalhadas entrevistas programadas por sua assessoria junto aos veículos ‘simpáticos à causa’ ainda se dá ao luxo de criticar e acusar possíveis adversários de anteciparem a campanha.

No caso de João Pessoa, ontem mesmo ouvi o Doutor Agra repetindo que não tem tempo sequer de ouvir – muito menos rebater – os ataques ao seu governo porque tem uma carteira de R$ 70 milhões de obras em andamento para cuidar. E faz isso e diz isso em meio a mais um evento pensado e executado justamente para fazer imagem, visando positivar a excelsa figura do alcaide perante os eleitores de tal forma que blindem o homem contra críticas e denúncias.

Os mentores e articuladores da estratégia apostam na resignação e passividade de muitos cidadãos que esquecem ligeirinho os mais escabrosos escândalos da vida pública quando o agente político lhes vende, promete ou consegue terminar meia dúzia de realizações em pedra, cal ou asfalto de baixa qualidade, do tipo que não resiste ao próximo inverno.

Os patinadores

Não quer dizer que o alcaide da vez não esteja certo. Errados estão seus adversários que patinam em indefinições e vacilações sobre ser ou não ser candidato, ter ou não ter candidatura, fazer ou não campanha. Uma campanha que Luciano Agra já começou faz tempo, inclusive porque, a exemplo do outro Luciano, ele também precisa impor seu nome internamente no PSB e vem correndo atrás para escapar da frigideira que por certo tempo, não faz muito tempo, foi posta em fogo brando pela alta cúpula ‘socialista’.

Quanto a Luciano Cartaxo, as chances de o PT homologar o seu nome vai depender muito de sua capacidade de convencer a maioria dos seus correligionários de que o PT não pode continuar servindo de muleta para o PMDB nem se limitar ao papel de mero coadjuvante do PSB.

Significa que ele vai precisar bem mais do que o apoio de seus colegas de bancada na Assembléia – Anísio Maia e Frei Anastácio – e do ex-deputado Rodrigo Soares, presidente estadual da legenda. El Loco Cartaxo terá que driblar um zagueirão chamado Luiz Couto que, apesar de petista origem, joga em time adversário.

Mais Felipe

Dalteir Sobrinho diz ter gostado do texto sobre Felipe Abella (‘Viva Felipe!’, publicado domingo último).
Chama o nosso paraibano de ouro na Olimpíada Internacional de Informática realizada semana passada na Tailândia de “o gênio de ciências da computação da UFCG”.

Mas logo em seguida comete uma flamenguice. “Para mostrar que é humano e que ninguém é perfeito, infelizmente é torcedor do Vasco”, diz.

Realmente, meu caro Dalteir, os melhores rubro-negros, feito você, validam integralmente a sua tese: ninguém é mesmo perfeito.

De qualquer forma, o querido Dalteir, engenheiro elétrico formado na grande universidade federal de Campina, revela ter ficado duplamente feliz com as informações sobre Felipe publicadas na coluna de anteontem.

“Primeiro, por ter estudado em Campina Grande e saber o nível daquela universidade; depois, por conhecer o colégio Primeiro Mundo (antes de vir morar em Recife meus filhos estudaram lá) da tão querida pelos alunos e pais de alunos Tia Fátima, que hoje já não faz mais parte do colégio”, acrescenta.

Já Guto Carvalho, outro a quem admiro e estimo, também escreveu oportuno comentário sobre o feito de Felipe. Aproveito a colaboração medalha de ouro do meu amigo para fechar a coluna de hoje.

***

Rubão, o amigo, eu e todas as pessoas de bom senso sabem que as grandes nações são grandes porque seus governantes há muito têm plena consciência do quão preponderante deve ser a excelência do sistema educacional.

Já que nossos medíocres gestores estão há anos luz de nos brindar com tal dádiva, que ao menos não só rendam todas as homenagens, mas disponham total apoio a esses gênios que nos enchem de alegria e esperança por tudo que representam.
Bia, minha geniazinha de 12 anos, na sua primeira Olimpíada Paraibana de Matemática já foi logo conquistando uma medalha de prata. Posso então imaginar a alegria e orgulho dos pais do Felipe.
Aquele abraço, Guto.