20 perguntas sem respostas - Parte 2

Gilvan Freire

Mais de um mês já decorrido, e a questão do shopping de RC & RS continua patinando à falta de sustentabilidade legal e moral. O movimento de resistência social à transação inidônea cresce e devasta aos poucos a imagem de um homem público antes insuspeito de abrigar sob seu governo e vida pública uma operação tão desastrada e irresponsável. De outra forma, o protagonista privado da negociata escabrosa nunca esteve tão exposto à censura da população. Ninguém até agora esteve ganhando com o escândalo. É possível que os principais interessados estejam pensando em recuar. O que está faltando é apenas uma saída e justificativa honrosas. Mas isso também está sendo construído e seria a responsabilização pública dos críticos da transação pelo fracasso comercial da parceria entre amigos.

A descoberta de outros empreendimentos imobiliários destinados à Mangabeira e adjacências, com maior suporte de capital e mais benefícios coletivos, e que estão sendo preteridos para favorecer ao senhor Roberto Santiago, botou água no chope dos que estavam se banqueteando à custa de vantagens pessoais indevidas. A Assembleia levantou-se e a oposição encontrou no episódio o papel político que estava hibernando acalentado pela omissão. O Palácio do Governo abriu suas portas aos deputados politicamente desassistidos que podem socorrer o governador diante do vexame que está lhe roubando a paz e manchando a boa fama. Ninguém esperaria uma derrapagem tão comprometedora tão cedo do governo. É melancólico e assustador.

Ainda não apareceu a avaliação do terreno, que tem de ser anterior a tudo. Não tem mais conserto. Não se fala da parte do governo em licitação pública, o único procedimento que garantiria o mínimo de regularidade, idoneidade e impessoalidade da operação. Porque desafiar uma população inteira somente para mostrar que pode tudo a qualquer custo, inclusive o alto custo moral? Lógico que isso não é poder, é apenas uma boba e falsa sensação de poder. Chama-se a isso pseudopoder, uma coisa enganosa que ilude a quem pensa que tem tudo quando tudo não tem.

Mas a discussão da negociata saiu dos monturos e tomou as ruas. Por causa disso já se sabe que há projetos paraibanos de empreendimentos gigantescos voltados para a zona sul da cidade, colados em Mangabeira, a nova fronteira imobiliária da Capital. Só há um entrave, aparentemente intransponível: RS, protegido de RC. E também de LA.

As novas questões
Façamos mais 10 perguntas incabulosas.

11. Por que a Prefeitura que é quem licencia a construção de shoppings na Capital nada fala sobre os empreendimentos de Domiciano Cabral e Aldenor Holanda?

12. Por que Domiciano, que tem mais de 30 hectares no Altiplano do Cabo Branco, não pode construir um shopping em parceria com o grupo do Shopping Iguatemi (que tem vários no Brasil) e com o grupo do Barra Shopping do Rio de Janeiro, os dois grupos com larga experiência no setor, mas pôde ser construído o bloco cimenteiro da Estação Ciência?

13. Por que Aldenor Holanda não recebe autorização para construir no entorno de Mangabeira o maior empreendimento imobiliário de toda a Paraíba em todos os tempos, em seus 122 hectares, com investimentos acima de 5 bilhões de reais, incluindo a instalação do maior shopping da Capital?