“Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí. Não vai dar? Não vai dar não?”. O trecho da marchinha carnavalesca de Homero Ferreira representa bem como vai ser o carnaval e as prévias, este ano, aqui no estado. Como noticiou a imprensa, ontem, e antecipamos neste espaço, no último sábado, por meio de um decreto, o governador Ricardo Coutinho suspendeu, por 60 dias, despesas com festividades carnavalescas, eventos culturais, confraternizações, festas, enfeites e presentes. A medida está dentro do pacote de corte de gastos que o governo anuncia há alguns dias. Na prática, a decisão não vai afetar em nada a realização dos principais carnavais da Paraíba. Em Cajazeiras e João Pessoa, por exemplo, o governo já não dava dinheiro nos últimos anos, como apuraram os repórteres do JP.
O secretário de Comunicação da PB, Luís Torres, conversou comigo por telefone e afirmou que alguns prefeitos já estavam pedindo ajuda. Recursos para aluguel de trio, equipamentos de som, cachê de bandas. Segundo ele, seria um contrassenso o governo está falando em economia e utilizando o dinheiro com ações que, neste ano de possível crise, não são essenciais. Em parte, o governo age corretamente e aí deve ter o apoio de boa parte da sociedade. Explico. As agremiações precisam se profissionalizar, fazer um planejamento antecipado para, por meio de um projeto, conseguir recursos da iniciativa privada.
Em outros estados, os blocos, grandes e pequenos, já não ficam mais com pires na mão esperando o dinheiro do governo estadual, do Ministério do Turismo ou de emendas parlamentares, como acontece todo ano, com quase todos os blocos do Folia de Rua. O poder público não deve ser a principal fonte de financiamento. Pode até ajudar, mas a festa deve acontecer sem o aporte financeiro deles. Os blocos, principalmente os tradicionais, precisam descobrir a chave para aproveitar o protagonismo das empresas privadas na promoção dessas festas populares. Elas possuem recursos e intenção de unir a marca à animação. Afinal, aparecem de graça nas reportagens de televisão, nas fotos, viram ponto de referência e ficam na lembrança do folião.
Mas o governo vai lavar as mãos para o tradicionalismo dessas festas? Não. De forma alguma. É importante para as nossas raízes culturais, nossa identidade, para socialização. Além de dar toda estrutura de segurança, saúde, de trânsito, o governo deve, antecipadamente, participar da organização do evento, do projeto maior da festa e ser uma espécie de avalista, fiador dos blocos. Uma maneira das empresas ficarem mais seguras ao investir. Empresário só bota dinheiro se tiver garantias de sucesso e a presença institucional do governo faz isso. É assim na Bahia, em Pernambuco e no Rio de Janeiro, que retomou o carnaval de rua. Sem falar na possibilidade trazida pela transformação de imposto ou dívidas em patrocínio.
Mas alguém pode dizer: a questão é que nesses estados há empresas grandes e aqui não. Não acho que esse seja o principal motivo. Amigos, responsáveis por várias empresas de varejo e ordenadores de investimentos na área de comunicação/ marketing já confidenciaram que, muitas vezes, devolveram dinheiro às sedes porque não tinham confiança em fazer investimentos em eventos esportivos e culturais aqui. Todos eles confessaram que se recusaram a patrocinar porque as propostas de ações eram apresentadas de maneira desorganizada, sem planejamento e em cima da hora. É hora de mudar e encarar o profissionalismo da área cultural que, mais do que nunca, é business.
Folga?
O prefeito de JP não tem gostado nem um pouco da folga de alguns secretários do município. A gestão em um momento crucial e alguns auxiliares praticamente de férias em Camboinha, em Cabedelo, andando de lanchas e jet’s.
Articulando
O secretário de Estado do Governo, Efraim Morais, passou por mais uma etapa na empreitada de aproximar o governo dos vereadores da capital. Os convites para uma conversa já estão sendo feitos.
Convites
Pelos menos 18 parlamentares já teriam sido convidados para um encontro, em data a ser agendada. A ideia é falar um pouco das ações da gestão estadual. Se vingar, o ‘super secretário’, João Azevedo, deve participar da conversa.
Mudança colegiada
A deputada estadual Estela Bezerra (PSB), que estreia na AL em fevereiro, disse que o normativo jurídico do parlamento precisa se adequar as decisões do colegiado. Ou seja, Estela, que deve ser um dos destaques dessa nova leva de deputados, sinalizou que não vê problema em mudar o Regimento Interno se for desejo da maioria. Lembrete: uma das estratégias da base governista para eleger o candidato Adriano Galdino (PSB), apoiado por Estela, é realizar eleições para os próximos dois biênios no mesmo dia. Para isso, será preciso mudar artigos do Regimento.
Movimento
A oposição sinaliza que vai se movimentar. Uma reunião com o senador Cássio, que volta das férias, deve acontecer semana que vem.
Não parou
A oposição parece que se articula timidamentemas vai precisar “dar um gás”. Os governistas não pararam e fazem qualquer negócio pela presidência da AL.
Introdução
Em Brasília, RC introduziu a nova secretária de Saúde, Roberta Abath, às negociações por recursos para a área. O ex-gestor da pasta, Waldson de Sousa, acompanhou.