Paraíba está na lista de Estados que recebeu propina da Operação Lava Jato

Há também referências a projetos internacionais, em países como Uruguai, Colômbia e Argentina

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O Ministério Público de São Paulo abriu investigações para apurar se o doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, intermediou o pagamento de propinas a agentes públicos em contratos de obras no Estado. De acordo com planilhas, os recursos foram enviados a companhias de  gás da Bahia, Ceará, Paraíba e Sergipe, e de saneamento de Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas e Maranhão.

Os primeiros alvos serão projetos da Sabesp, do Metrô e de refinarias da Petrobras em São Paulo.

A Promotoria terá como base a planilha apreendida em março pela Polícia Federal em um imóvel de Youssef que indica obras em território paulista e outros Estados.

A tabela com 34 páginas e 747 obras indica as empreiteiras ligadas aos projetos e valores que, segundo os promotores, podem ser de suborno.

Após publicação da planilha pela imprensa, no final do ano passado, o promotor de Justiça Silvio Marques pediu que a Promotoria do Patrimônio Público e Social, da qual faz parte, iniciasse as investigações sobre o documento encontrado pela PF.

As primeiras análises do material levaram a Promotoria a dividir a apuração em três partes.

Uma delas terá como foco a Sabesp e terá como base três citações à companhia de saneamento controlada pelo governo paulista.

Os negócios mencionados na tabela de Youssef referem-se à implantação da estação de tratamento de Água Jurubatuba, no Guarujá (SP), à obra da adutora Guarau-Jaguará, na Grande São Paulo, e à tubulação da Sabesp em Franca (SP).

A soma dos valores atribuídos a esses projetos, que segundo os promotores paulistas pode ser de propina, é de R$ 28,8 milhões.

Outra frente será relativa ao Metrô paulista. A planilha indica a estatal de trens de São Paulo, um negócio ligado à “Obra Vila Prudente”, e a quantia de R$ 7,9 milhões.

A terceira linha de investigação reunirá obras da Petrobras em São Paulo.

A tabela cita cerca de 90 projetos da estatal de petróleo no Estado, a maioria ligados às refinarias Replan (Refinaria de Paulínia), no município de Paulínia, Recap (Refinaria Capuava), na Grande São Paulo, e à Revap (Refinaria Henrique Lage), em São José dos Campos.

Segundo o promotor de Justiça Otávio Ferreira Garcia, a análise da planilha continua e outras frentes de apuração devem ser abertas pela promotoria nos próximos dias.

A planilha agora em análise pelo Ministério Público de São Paulo já foi citada em decisão judicial pelo juiz federal Sérgio Moro, que cuida dada Operação Lava Jato.

Segundo o magistrado, as apurações do caso sugerem que o esquema criminoso “vai muito além” da companhia petrolífera.

Em despacho, Moro afirmou: “é perturbadora a apreensão desta tabela nas mãos de Youssef, sugerindo que o esquema criminoso de fraude à licitação, sobrepreço e propina vai muito além da Petrobras”.

GÁS E SANEAMENTO

Para a Polícia Federal, a planilha fortalece a hipótese de “um grupo criminoso voltado a fraudar licitações, lavar dinheiro público e traficar influência em contratos da administração pública com grandes empresas” em todo o país.

De acordo com a planilha Youssef teria forte atuação nas áreas de gás e saneamento.

Na tabela, estão obras de companhias de gás de Bahia, Ceará, Paraíba e Sergipe, e de saneamento de Rio de Janeiro, Goiás, Alagoas e Maranhão. Há também referências a projetos internacionais, em países como Uruguai, Colômbia e Argentina.

A reportagem procurou as assessorias de imprensa da Sabesp e do Metrô, mas os órgãos não se manifestaram até a conclusão desta edição

com Folha