Viva Felipe! - Rubens Nóbrega

Tenho quase certeza que o governador e os prefeitos de Campina Grande e de João Pessoa juntaram-se ao reitor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e outras expressivas autoridades para recepcionar na madrugada deste domingo, no Aeroporto Castro Pinto, o jovem paraibano que é o maior destaque brasileiro na história da Olimpíada Internacional de Informática

Tenho quase certeza que os agentes políticos mais importantes da Paraíba têm noção e dimensão do que representa o feito de Felipe Abella Cavalcante Mendonça de Souza, que aos 18 anos ganhou para o Brasil a primeira Medalha de Ouro numa Olimpíada Internacional de Informática. E, por compreenderem a importância do que fez o menino gênio, tenho quase certeza que nossos dirigentes estarão presentes ao desembarque de Felipe, previsto para 1h15.

Tenho quase certeza que nossos governantes e dirigentes farão fila para cumprimentar e agradecer Felipe por ele ter colocado em tão elevada altura o nome da Paraíba e da UFCG, onde o rapaz faz Ciências da Computação, curso que certamente ajudou-o no brilhante desempenho na Olimpíada disputada na cidade de Pattaya, na Tailândia, onde nosso herói marcou 598 pontos num máximo de 600 em disputa.

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Felipe nasceu em João Pessoa, às 19h30 do dia 11 de março de 1993. É filho de Elisa Abella (nutricionista, mestre em Genética e Professora de Embriologia da UFPB) e de Eurípedes Mendonça (médico gastroenterologista, também Professor da UFPB, diretor do CRM-PB, famoso em todo o país por ser autor de pesquisa que apontou os erros de biologia de livros didáticos recomendados pelo Mec). Completa essa família de ouro o irmão mais velho, Daniel, que concluiu o mesmo curso de Ciências da Computação e no momento termina o mestrado na UFPB na mesma área.

Segundo informações que peguei com o Doutor Eurípedes, Felipe, que é vascaíno (só podia ser!), fez o ensino fundamental no Colégio Primeiro Mundo, no bairro de Manaíra, Capital, e o ensino médio no Colégio Geo, também em João Pessoa. Projetando para o futuro, perguntei ao pai se Felipe já manifestou intenção de seguir carreira acadêmica, daquelas que o sujeito vai até o pós-doutorado. Perguntei também se o jovem já foi ‘cantado’ por outras instituições. Vejam só o que ele me respondeu:

– Ele é muito centrado e decidido. Foi perguntado por que ele não faria vestibular para faculdades de São Paulo ou outros centros maiores e respondeu que a graduação seria em Campina Grande. Após muita insistência, aquiesceu em também concorrer na UFPB. Quanto a possíveis convites… Como as Olimpíadas Brasileiras são organizadas pela Unicamp (Universidade de Campinas, São Paulo), creio que seria uma das opções.

Quis saber ainda se além do ministro da Ciência e Tecnologia (Aloísio Mercadante, que mandou um bonito telegrama) outras autoridades se congratularam com Felipe e agendaram alguma audiência com ele ou se algum parlamento ou instituição, aí incluída a própria UFCG, programou alguma solenidade para homenagear o rapaz.

Pelo que soube o Doutor Eurípedes, até aqui apenas uma assessora da deputada Eva Gouveia telefonou para informar que, graças a uma propositura da parlamentar campinense, a Assembléia deve fazer em breve uma homenagem a Felipe.

De modo que resta esperar dos demais alguma coisa para fazer justiça a quem é destaque nacional há quatro anos (desde os 15 anos de idade) e internacional há três (medalha de prata na Bulgária e no Canadá) e, garante o pai, nunca mudou o caráter.

“Continua humilde, pacato e até paradoxalmente tímido. Adora dormir em rede. Resumindo, um paraibano arretado e que honra os nordestinos e os brasileiros”, arremata o pai, que tem justificados motivos para se referir dessa forma a um filho exemplar que é exemplo para todos os seus conterrâneos e concidadãos.

Adeus ao verde

O professor Menezes ficou seriamente preocupado depois de saber que para desafogar o trânsito na Epitácio Pessoa, a maior avenida da Capital, a Prefeitura pretende estreitar calçadas.

Significa que árvores centenárias deverão ser derrubadas. Em razão disso, ele escreveu o texto que vai adiante, antecipando a reação do mestre ao que pode vir a ser um dos maiores crimes já cometidos contra o patrimônio natural da cidade.

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O circuito teatral do Rio de Janeiro e de São Paulo tem em seu portfólio uma peça chamada “Trair e coçar é só começar”, que trata de modo histriônico hipóteses prováveis de traição conjugal, algo que no correr do tempo e da prática tornar-se-ia um hábito e até vício.

Esta parece ser a situação em que os pessoenses se vêem nos dias de hoje, com a Prefeitura da cidade implementando ou executando uma política de destruição de bens públicos ou privados, que começou com a razia contra o Aeroclube da Paraíba e prossegue em todas as oportunidades que se façam presentes.

Agora, circula por toda a cidade a notícia de que a Prefeitura, a pretexto de resolver problemas de trânsito na Av. Epitácio Pessoa, vai promover o estreitamento das suas calçadas, com a consequente derrubada das árvores que a margeiam, sacrificadas no altar das soluções urbanísticas de improviso e de afogadilho, que provavelmente não trarão o desafogo que a abertura de novas vias de tráfego, adequadamente planejadas, trariam.

Nascido e criado nesta cidade, sempre fui levado a cultuar a memória de prefeitos como Guedes Pereira, Oswaldo Pessoa, Miranda Freire, Damásio Franca e, especialmente, Luis de Oliveira Lima, que tinham como uma das principais preocupações de suas administrações o plantio e conservação das árvores que mais tarde permitiriam ao Governador Tarcísio Burity levantar o galardão de “segunda cidade mais verde do planeta”.

O prefeito Carneiro Arnaud, ao rasgar a Av. José Américo de Almeida – única via nova, nos tempos mais recentes da cidade, no sentido praia-centro-praia, seguiu a tradição de seus antecessores e não deixou de arborizar a nova avenida, que contribuiu sobremaneira para o crescimento de bairros como o Cabo Branco e o Altiplano.

Hoje, infelizmente, somos informados de que parece que a filosofia de trabalho da edilidade pessoense mudou seus fundamentos, concluindo, na contra mão do que pensam as sociedades mais evoluídas, que pedra, cal e asfalto são mais importantes na vida de uma cidade do que o verde que a cobre e refresca.

Se verdadeira essa informação, eis-nos face a mais um procedimento a lamentar e que, decerto, nos levará mais uma vez à mídia nacional como bárbaros que primam pelo comportamento anti-social sob todos os aspectos. Como não nos resta alternativa, rezemos, então, para que isto não se concretize.