Trauma de CG registra sobrecarga de atendimentos a vítimas de motos

Em todo o ano de 2013, foram contabilizados 9.978 acidentes de moto

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Em Campina Grande, as vítimas de acidentes com veículos ciclomotores chega a ocupar até 32% dos 302 leitos do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes aos finais de semana, o que corresponde a 97 atendimentos em apenas dois dias.

A situação chama a atenção devido à sobrecarga de atendimento. “Uma pessoa que chega para receber um atendimento devido a um acidente de moto nem sempre ocupa apenas uma especialidade. Ela pode receber o atendimento no setor de ortopedia, neurologia, cirurgia geral e tudo isso causa uma certa demora ou um tempo de internação maior”, aponta o cirurgião buco-maxilo-facial, Alfredo Lucas Neto.

Geralmente, a combinação ilegal entre bebida alcoólica e condução de veículos está por trás de vários acidentes, mas a imprudência de motoristas e motociclistas também é observada como um fator que ocasiona muitos problemas no trânsito e lesões aos envolvidos. Em certos casos, os pacientes que já sofreram lesões anteriores voltam a ser atendidos pelo Hospital de Trauma, e muitos dos acidentados que saíram da unidade dizendo que teriam mais atenção sobre duas ou quatro rodas acabam necessitando de novo atendimento.

Em todo o ano de 2013, foram contabilizados 9.978 acidentes de moto, cujas vítimas tiveram passagem pelo Trauma. Somente entre janeiro e outubro deste ano, 9.694 lesões deste tipo foram registradas na unidade hospitalar.

Na maioria dos casos atendidos, as vítimas são homens entre 19 e 40 anos, sendo observada também uma quantidade significativa de casos de homens acima de 50 anos trafegando em motocicletas por áreas rurais.

Alfredo Lucas Neto lembra que, em alguns casos, a distância entre o local do acidente e o Hospital de Trauma pode fazer com que a vítima tenha problemas no futuro, ficando com sequelas mesmo após a recuperação e cicatrização. Ele afirma que recebe casos nos quais um acompanhamento das lesões é necessário para que possam ser sanadas e o paciente restabeleça suas atividades.

O médico aponta, ainda, os riscos da demora no translado de alguns pacientes. “No caso de uma fratura exposta, por exemplo, há um tempo em que a vítima deve chegar ao hospital para que tenha um risco menor de infecção. Quanto mais tempo o osso ficar exposto, mais riscos de complicação no pós-operatório o paciente terá”, explica.

SOBRECARGA
O cirurgião reclama da sobrecarga de pacientes que são atendidos no Hospital de Trauma. “Se a Paraíba tivesse hospitais de apoio em outras cidades estratégicas, ou mesmo os estados que acabam solicitando atendimento aos seus enfermos aqui no Trauma, já desafogaria a quantidade de pacientes desta unidade. Hoje o hospital está sobrecarregado de pessoas que poderiam ser atendidas em outras cidades no interior do Estado”, observa.

O Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes é referência para 203 municípios e ainda recebe pacientes do Rio Grande do Norte e Pernambuco. Lá são realizados cerca de 300 atendimentos por dia.

Jornal da Paraíba